A estrutura familiar está a mudar. Por influência de mecanismos socioeconómicos, verifica-se uma desintegração generalizada da família. Este colapso tem consequências terríveis para os elementos mais novos da família, bem como para a estabilidade social e para a prosperidade da próxima geração. A sociedade civil esgota, assim, o capital social que advém de uma vida familiar saudável que serve o bem comum e é tão importante para uma sociedade viável. O individualismo narcisista e impulsivo que só procura autosatisfação e a falta de disposição para assumir e manter compromissos estão na origem desta tendência. Mas em que se baseia, hoje, o ideal de família?
A família nuclear patriarcal não é, na realidade, o modelo tradicional, mas sim um produto da Revolução Industrial e do capitalismo. A família nuclear de classe média é estruturada de acordo com papéis de género ordenados hierarquicamente. Compõe uma rede organizada de interdependência socioeconómica fundamentada no grau de parentesco e no casamento.
E qual é a estrutura de uma família cristã? Podemos considerar o casal monogâmico que se casa, que se reproduz e que se sacrifica pelo bem-estar dos seus filhos. É através do sacramento do matrimónio que se estabelece e define a relação dos esposos e as suas características, relação que parte de uma decisão livre e consciente. Os ideais da vida familiar cristã sobressaem nos comportamentos guiados pelo Evangelho e nos compromissos assumidos. É, também, nas relações afetivas dentro e fora da família que se salientam os valores cristãos de compaixão, amor e inclusão.
Como se pode reverter o processo de declínio da estrutura familiar? Apostando num quadro ético renovado da vida familiar, construído com base na responsabilidade, na fidelidade e no autosacrifício, e defendendo fortes laços familiares e vínculos, exortando ao altruísmo dentro da família. Isto se queremos que a família se converta numa verdadeira igreja doméstica que encoraje o crescimento da espiritualidade no ambiente familiar.
Betânia Ribeiro