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Papa apresenta quatro linhas de ação para o crescimento económico sustentável e inclusivo

Numa carta dirigida à chanceler alemã, Angela Merkel, o Papa Francisco apresenta as suas considerações sobre a reunião do G20, que reúne, em Hamburgo, os chefes de Estado e líderes de Governo do grupo das potências económicas mundiais, juntamente com os representantes da União Europeia.

Procurando alcançar, a nível mundial, o “crescimento económico sustentável e mais inclusivo”, o G20 deve, nas palavras do Papa, “assegurar a governabilidade e estabilidade económica mundial”, especialmente no que diz respeito “aos mercados financeiros, ao comércio e aos problemas fiscais”, não esquecendo que “todos os esforços são inseparáveis da necessidade de abordar os conflitos em curso e o problema mundial da migração”.

O Santo Padre recorda, neste contexto, os princípios de ação publicados em 2013 na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”. São quatro linhas de ação para a “construção de sociedades fraternas, justas e pacíficas”: o tempo é superior ao espaço; a unidade prevalece sobre o conflito; a realidade é mais importante do que a ideia; o todo é superior à parte. E fundamenta cada ação.

 

“O tempo é superior ao espaço”

Para explicar a gravidade, complexidade e interconexão dos problemas mundiais, dá o exemplo da crise migratória, que “é inseparável dos problemas de pobreza e exacerbada pelos conflitos armados”. “Uma solução efetiva, necessariamente espaçada no tempo, só será possível se o objetivo final do processo estiver claramente presente no processo de planeamento”, aconselha o Sumo Pontífice. Pede, ainda, ajuda urgente para a “situação trágica” de 30 milhões de pessoas que vivem no Sul do Sudão, na bacia do Lago Chade, no corno de África e no Iémen, zonas onde falta comida e água.

 

“A unidade prevalece sobre o conflito”

“Sinto-me obrigado a pedir ao mundo para parar com estas matanças inúteis”, sintetiza o Papa, indicando que, de forma a implementar a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, todas as partes devem escolher a via do compromisso e “reduzir substancialmente os níveis de conflito, parar a atual corrida às armas e renunciar ao envolvimento direto ou indireto em conflitos, assim como concordar em discutir as suas diferenças de forma sincera e transparente”.

 

“A realidade é mais importante do que a ideia”

Num mundo governado pela autonomia absoluta dos mercados e pela especulação financeira, o resultado acaba por ser “a exclusão, o desperdício e até a morte”. Francisco recorda os esforços de antigos líderes europeus, como Schuman, De Gasperi, Adenauer e Monnet, entre outros, que cultivaram um sentido de “pragmatismo são e prudente”, orientado pela “primazia do ser humano” e pela “integração e coordenação de realidades diversas e, por vezes, opostas”.

 

“O todo é superior à parte”

O Papa Francisco repete o aviso feito por Bento XVI no âmbito da reunião dos G20, que decorreu Londres, em 2009. “Enquanto se considera razoável que as reuniões do G20 devem ser limitadas a um pequeno grupo de países que representam 90% da riqueza produzida em todo o mundo”, os países e indivíduos cuja voz “é a mais fraca” no panorama político mundial “são precisamente aqueles que sofrem mais com os efeitos nocivos das crises económicas”.

O Papa Francisco faz um último apelo diretamente aos Estados Unidos para que “respeite e honre os tratados internacionais”, promovendo a “abordagem multilateral”, de forma que as soluções alcançadas sejam “verdadeiramente universais e duradouras, para o benefício de todos”.

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