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Papa pede colaboração para erradicar abusos de menores

Chegou a hora de colaborar para erradicar a «brutalidade» que representam as situações de abusos contra menores. «Chegou a hora de encontrar o justo equilíbrio de todos os valores em jogo e dar diretrizes uniformes para a Igreja», defendeu o Papa Francisco, no final do Encontro sobre a Proteção dos Menores na Igreja, que decorreu no Vaticano.

Segundo Francisco, «nenhum abuso deve jamais ser encoberto», como acontecia no passado, «e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo».

O Santo Padre apelou «à luta total contra os abusos de menores, tanto no campo sexual como noutros campos, por parte de todas as autoridades e dos indivíduos, porque se trata de crimes abomináveis que devem ser eliminados da face da terra». Isto mesmo é pedido pelas «muitas vítimas escondidas nas famílias e em vários setores das nossas sociedades», frisou.

Segundo o Papa, a atuação da Igreja incidirá sobre a tutela das crianças (protegendo os mais novos e impedindo que sejam vítimas de abusos físicos e psicológicos), uma «seriedade impecável» (não poupando esforços e fazendo «o que for necessário para entregar à justiça» quem tiver cometido esses delitos), uma verdadeira purificação («impondo um renovado e perene empenho na santidade dos pastores») e a questão da formação (apostando numa seleção e formação dos candidatos ao sacerdócio assente em critérios positivos, que ofereçam um caminho de formação equilibrado para os candidatos idóneos).

Francisco entende também que se devem «reforçar e verificar as diretrizes das conferências episcopais» (reafirmando a necessidade da unidade dos Bispos na aplicação de parâmetros que tenham valor de normas), acompanhar as pessoas abusadas (proporcionando o apoio necessário e valendo-se dos especialistas nesta área), estar atento à questão do mundo digital (sendo necessária a adoção de «todas as medidas necessárias para limitar os websites que ameaçam a dignidade do homem, da mulher e, em particular, dos menores») e combater o turismo sexual (com a «necessária repressão judicial mas também o apoio e projetos para a reinserção das vítimas desse fenómeno criminoso»).

Entre os dias 21 e 24 deste mês, 190 pessoas reuniram-se no Vaticano para analisar a questão dos abusos de menores e as falhas da Igreja Católica ao nível da proteção dos menores. Ao Papa juntaram-se presidentes de conferências episcopais e chefes de Igrejas Orientais, superiores gerais de institutos religiosos, vítimas de abusos sexuais, responsáveis da Cúria Romana e do Conselho de Cardeais e jornalistas.

A questão da responsabilidade foi um dos assuntos em análise no encontro, realizando-se conferências e trabalhos de grupos, acompanhados por testemunhos de vítimas. As vozes das vítimas marcaram o início da cimeira, com a projeção de cinco testemunhos, evocando quem foi violado, ferido, maltratado e abusado. Os serviços de informação do Vaticano falam em testemunhos que representam «histórias de dor, silêncio e violência», e também o desejo de «devolver a credibilidade à Igreja». A voz das vítimas fez-se ouvir também fora do Vaticano, pois nestes dias houve diversas manifestações de protesto, promovidas por associações de vítimas.

No segundo dia, os participantes na cimeira falaram sobre a necessidade da prestação de contas. O cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston e presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, criada por Francisco, assumiu um dos temas quentes da reunião e defendeu que os bispos tem a «obrigação moral» de comunicar as situações de abusos às autoridades civis.

A propósito da transparência, o presidente da Conferência Episcopal Irlandesa defendeu que responsabilizar bispos e responsáveis de institutos religiosos que sejam negligentes nas situações de abusos sexuais é uma medida necessária tendo em vista a credibilidade da Igreja Católica.

O terceiro dia de trabalhos foi dominado pelo debate em torno da necessidade de transparência, superando-se uma cultura de silêncio e secretismo, inclusive na relação com a imprensa. O Papa fez um mea culpa, em nome da Igreja Católica. Neste contexto, Francisco presidiu a uma celebração penitencial, com o objetivo de pedir «perdão» pelos casos de abusos sexuais na Igreja Católica.

 

Medidas concretas

Nas próximas semanas, o Vaticano vai enviar a todas as conferências episcopais, um vade-mécum, um documento orientador tendo em vista a prevenção e combate a casos de abusos sexuais. O documento, preparado pela Congregação para a Doutrina da Fé, pretende ajudar os bispos de todo o mundo a compreender os seus deveres e tarefas em situações de abusos sexuais.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o vade-mécum, «mais preciso, mais articulado, mais operativo», ajuda a «concertar» esforços e oferece «ideias mais concretas», para desenvolver as diretrizes que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) implementou desde 2012.

Segundo D. Manuel Clemente, a CEP vai ter novas medidas no combate e prevenção aos abusos sexuais. «Todos temos de trabalhar a sério, porque isto é um problema global e tem de ter uma solução global», sustentou.

Na cimeira do Vaticano ficou definida a criação de task forces (grupos de trabalho) para ajudar dioceses que tenham falta de recursos, promovendo medidas de proteção de menores.

A terceira iniciativa anunciada é um novo motu proprio (decreto pontifício) relativo à proteção de menores e pessoas vulneráveis, de modo a reforçar a prevenção e o combate contra as situações de abusos na Cúria Romana e o Estado da Cidade do Vaticano.

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