Ressurreição e o fim dos tempos (A)
Pode o horizonte da morte caminhar com o quotidiano da vida? E pode a esperança cristã dar sentido a um caminho de ressurreição? Abrindo perspetivas e fundamentando-se na linguagem bíblica, esta Obra vai ao encontro das perguntas que nos acompanham, esclarecendo sem diminuir o Mistério. «O desafio da Morte/Ressurreição é preciso para ser quem somos? A vocação humana é ser quem sou. E quem sou? Alguém chamado a dar sentido à morte, alguém chamado ao amor. Ora é na própria morte que cada um reencontra a outra vida. A Ressurreição é na morte e não depois da morte. Descobre-se a Vida que está incluída na morte, ela é o interior da morte, e por isso temos o baptismo, pelo qual vimos à Vida mergulhando na morte de Cristo. A nossa reflexão habitual sobre a morte é um adiar, como se fosse uma questão só para o último dia da vida, como se não tivéssemos começado a morrer logo que nascemos, como se não andássemos a matar-nos pela nossa falta de liberdade; como se não houvesse uma Salvação a agir continuamente… Nessa perspectiva não podemos perceber os textos da “Ressurreição-já”, que encontramos em São Paulo a cada passo: “já ressuscitámos; já sois novas criaturas; já sois concidadãos dos santos”. E somo-lo pelo acto de morrer ao egoísmo, e não depois da morte, como consequência».