Este número é especial pois decidimos dedicar-nos a um tema tão urgente quanto desconfortável – a corrupção – e ao desafio de promover uma cultura de integridade nas nossas sociedades. No editorial, o nosso Diretor, José Frazão Correia, sj, explica como nasceu este número, e recorda que o que é bom pode corromper-se, mesmo as melhores pessoas, relações, lugares e instituições estão expostos à possibilidade de degenerar.
Entre os temas explorados, Andreas Gonçalves Lind, sj, reflete sobre o impacto da avareza na corrupção individual e na fragilidade do sistema democrático, inspirando-se na obra de Platão para destacar a importância de cidadãos virtuosos e instituições justas.
Do MENAC – Mecanismo Nacional Anticorrupção, instituição que apoia este número da revista, o seu Vice-Presidente Olívio Mota Amador alerta para a necessidade de criar uma cultura de integridade, lembrando que a corrupção floresce onde há complacência social.
Francisca Van Dunem, antiga Ministra da Justiça, aborda os desafios de investigar este crime complexo sem comprometer os direitos fundamentais, mostrando como o combate à corrupção é, também, um teste ao Estado de Direito.
Também neste número, Eduardo Jorge Madureira Lopes explora o papel vital do jornalismo na denúncia da corrupção, especialmente em tempos de esquemas globais e sofisticados. E, num testemunho forte e corajoso, Mark Joseph Williams e Hans Zollner, sj, mostram como o acompanhamento de vítimas de abuso sexual exige que as suas necessidades estejam acima da reputação de qualquer instituição, incluindo a própria Igreja.