O panorama mundial anda mal. Corrupção, venda de pessoas, crimes, guerras, opulência que mata e desfaz vidas e famílias. Muitos que já ocuparam cargos de governo, com processos graves em tribunais ou já metidos na cadeia, como no Paquistão, em Israel, na Itália, etc. A violência doméstica a aumentar e a matar cada dia mais mulheres. Em Portugal, nos últimos anos, muitos milhares de doentes de sida. E o mundo da droga e do tráfico que gera roubo e morte continua a aumentar. O poder económico de uns torna-se violência para outros que ficam cada vez mais pobres. A cultura do bem-estar anestesia-nos e faz tantos estragos à nossa volta.
No meio deste tenebroso panorama, o Papa surge como sinal de esperança, como grande profeta da vida, do amor, da liberdade. Que maravilhosas e sábias foram as suas palavras em Estrasburgo e na recente visita à Turquia, acompanhadas por gestos de simpatia, de humildade, de verdadeiro ecumenismo, que passa sempre por um amor mais intenso aos irmãos. Todos se admiram com ele, com a sua maneira de agir, de defender o bem, os pobres, de dizer que a Europa está avó, sem vida para gerar filhos, sem propostas que respondam às interrogações e às esperanças dos jovens. Colocou o dedo em muitas feridas, mas comprometeu-se a ajudar, a colocar os organismos da Santa Sé em estado de abertura para uma ajuda mais eficaz e mais fecunda. Com o Papa Francisco renasce a esperança, a alegria, o dom, a partilha, a entrega generosa. Ele vai tocando o coração de muitos e abrindo esses corações ao dom de si para o bem comum.
Por outro lado, este tempo de Advento, que começámos a viver no dia 30 de Novembro, lança-nos para uma nova esperança pois prepara-nos para o nascimento do Menino. Ele, Jesus, como Luz vem às trevas, como Paz vem ao meio das guerras, como Libertador vem quebrar laços de prisões, como Amor vem ensinar a amar, como Emanuel vem para ser Deus connosco. Só nEle a esperança e a alegria. Se O deixarmos entrar em nossos corações, em nossas vidas, em nossas famílias, em nossas empresas, renasce a alegria e a esperança. É esta a mensagem da noite do nascimento e do Menino que Maria deita, enrolado em panos, na manjedoura. Vem aí o Messias que nos quer salvar, libertar, remir, abrir-nos à esperança e à alegria.
Também no primeiro Domingo do Advento, começámos o Ano dos Consagrados, de todos aqueles e aquelas que, nas Ordens e Congregações, nos Institutos Seculares, nas Sociedades de Vida Apostólica, foram consagrados pelo Espírito e se dispuseram a dar tudo e darem-se todos ao mundo, aos irmãos, à Igreja, a Jesus, para servir mais e melhor, para ajudar a viver em alegria e em esperança. São muitos milhares em todo o mundo, vivendo tipos de vida diferentes, carismas diferentes, seguindo os passos de seus fundadores e fundadoras, incarnando o Evangelho para serem semente de bem, de verdade, de justiça, de amor. Para amar e servir ao jeito de Jesus. Com suas vidas, somos todos convidados a transformar o mundo e a viver em alegria e esperança, a ser fermento de graça e de santidade, a ser luz no meio das trevas, a ser homens e mulheres de coração universal. Com suas vidas e com o dom de si mesmos renasce a esperança.
Dário Pedroso, sj