Ainda bem pequenina, ouvia a minha avó dizer que há pessoas que estão sempre de mal com a vida. São infelizes e fazem os outros infelizes. Nada, nunca está bem para elas. Nos seus melhores dias, está tudo mais ou menos.
Lembro-me muitas vezes das palavras da minha avó, sobretudo quando conheço ou convivo com pessoas assim. São de uma negatividade e pessimismo quase contagiantes. O sol brilha, faz calor. A chuva cai, traz frio. Estas pessoas são simplesmente mal-agradecidas. Exigem da vida, de Deus e dos outros. Não sabem dar sem pedir em troca.
Aceitar e agradecer é um dom tão grande quanto maiores as dificuldades com que nos deparamos. Não é fácil ter um coração agradecido quando perdemos alguém que amamos, quando somos confrontados com uma doença grave, quando o sustento da nossa família está em causa, quando somos obrigados a um novo rumo que não prevíamos. É muito difícil compreender e ainda mais agradecer os momentos de dor e sofrimento. Mas é possível, quando se confia em Deus.
Quem tem um coração agradecido consegue enxergar o bem, a alegria e a felicidade até nas mais pequenas coisas. No sol que brilha e na chuva que cai. Num gesto solidário ou num sorriso de bom dia. Quem sabe agradecer as pequenas coisas do dia a dia, por norma, lida melhor e com mais ânimo com os grandes problemas.
As pessoas serenas e agradecidas são mais felizes. A felicidade advém de um coração cheio de amor, de fé e de esperança. Mas também da simplicidade e da generosidade. Só assim é possível encontrar o equilíbrio e a harmonia indispensáveis para viver bem, em sintonia com Deus e com os outros.
Como dizia a minha avó, as pessoas de mal com a vida deviam aprender a ter mais fé, a confiar mais em Deus e nos outros e perceber que não adianta viver à espera de recompensas para aquilo que querem, que a recompensa só chega quando se age de forma gratuita e desinteressada. Que a alegria e a felicidade dependem de cada um de nós.
Elisabete Carvalho