Falhanço… «Bazar, bazar!»…
A minha família…? Já não tenho a minha família. De um momento para o outro, o meu pai saiu de casa… A casa está inundada de silêncio…Andamos perdidas pelos cantos dos quartos e pelos vazios de vida…Ninguém fala com ninguém… Rostos lavados pelas lágrimas, incapazes de soltar o grito que aperta o peito…
–Pai!, Pai!, porque nos abandonaste?! Que te fizemos?
E agora?! Tudo perdido!… A nossa casa está à venda… Tudo se dispersa… Memórias que se vendem, outras que se destroem… Pedaços de nós se quebram ainda mais para dispersar a dor… Arrependo-me dos abraços que te dei, dos sorrisos felizes que te conquistei, do calor do amor sentido… Arrependo-me da cumplicidade partilhada, dos segredos trocados, da confiança cega depositada… Que faço de mim, agora? Que fazemos de nós? Quem somos, agora?… Já não somos nós… Como vou olhar para o teu lugar vazio à mesa? Que refeição não terá o sabor da saudade? Pai, porque nos abandonaste? Estou sem chão… A mãe perdida… A mana sem vida…
E o perdão?… A compreensão?… O recomeçar?… O amor? Onde está o amor?!… O que nos une, agora, se o cansaço do amor tudo de nós levou, tudo amarfanhou como um rascunho da vida mal conseguido?…
Vale a pena construir? Vale a pena confiar? Vale a pena esperar? Vale a pena amar?
(Do Diário de uma jovem normal, à deriva na vida, dividida nos seus sentimentos, revoltada com o desamor)
Outras cenas…
Na intenção de oração para este mês, o Papa Francisco convida-nos a rezar por todas as famílias que estão em crise. Ao mesmo tempo, o Papa Francisco lança-nos o desafio de olharmos as diferenças dentro da família, os dons únicos que cada pessoa tem e que contribuem para a união e crescimento dos seus membros.
Também o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), menciona a importância do perdão como caminho para curar as feridas familiares. É através da vivência do perdão que se pode reparar as relações familiares permitindo que se superem os conflitos que nos afastam e dividem.
Yaright… Podemos fazer algo…
Desafio #1 – Procura compreender e perdoar cada membro da tua família. Pede ao Coração de Jesus a coragem do perdão. Que membro da tua família precisa do teu perdão? Reza por essa pessoa da tua família por quem te sentes magoado. Ganha coragem e dirige-lhe a palavra, dá-lhe um sorriso, um abraço, se conseguires…
Desafio #2 – Cada membro da tua família é muito mais do que aquilo que parece. Nem sempre aquilo que captamos dos outros é a sua verdade total. A nossa perceção é apenas a mínima parte da realidade. Neste ano jubilar da esperança, pede a Jesus que te ajude a não julgar e que te abra os olhos para veres aqueles que convivem contigo, como Jesus os vê.
Desafio #3 – O Papa Francisco deseja uma Igreja que ofereça um acompanhamento misericordioso, que escute sem julgar e que esteja disponível para as famílias nos seus momentos de necessidade. Que apoio, que suporte podes dar à tua família ou a alguma família em necessidade?
Desafio #4 – O nosso Papa diz-nos que é necessário «desenvolver o hábito de dar real importância ao outro», que é necessário valorizar o outro, porque «todos têm algo a contribuir». Reconhece a riqueza daqueles que estão ao teu lado. Escolhe um dom, um talento da pessoa com quem tens mais dificuldade em conviver dentro da tua família e agradece a Deus por isso.
Bff…
Rezemos ao nosso BFF para que as famílias divididas encontrem no perdão a cura das suas feridas e redescubram, nas suas diferenças, as riquezas de cada um.
Pai de bondade,
hoje, trazemos ao teu olhar
todas as famílias atravessadas pela divisão e pela crise,
pedindo-te que abras nelas espaços
para falarem de coração a coração,
praticando a difícil arte da reconciliação.
Que o Coração do teu Filho Jesus
lhes revele a boa notícia que a crise esconde,
ajudando-as a afinar o ouvido do coração
e impulsionando-as a dar lugar ao perdão.
Ámen.