“Curiosamente, depois da sua ressurreição, Jesus não só resplandece menos do que durante a sua transfiguração no Tabor, mas já nem sequer tem o carisma de antes: Maria Madalena toma-o inicialmente por um simples jardineiro, os discípulos de Emaús, pelo mais ignorante dos habitantes de Jerusalém, os Apóstolos, por uma espécie de pescador aposentado à beira do lago de Tiberíades…”.
É deste jeito descontraído, mas provocador, que se faz este “manual de instruções” sobre a ressurreição de Jesus. Fabrice Hadjadj não deixa pedra por revirar nem aparição por comentar, mas sempre em busca do comum, do quotidiano, da ressurreição presente nos interstícios quase imperceptíveis da vida de todos os dias: os diálogos com o cônjuge, a gritaria dos filhos, a refeição mais ou menos conseguida, o trabalho mais comum… depois da ressurreição de Cristo tudo pode ser ressurreição do homem.