Domingo VI do Tempo Comum – Ano B / Dia Mundial do Doente
Hoje é Dia Mundial do Doente. Se não fosse domingo, a Igreja faria memória de Nossa Senhora de Lourdes, cujo santuário é procurado por muitas pessoas em busca de cura. Este santuário, como nos diz o Papa Francisco, «aparece ao nosso olhar como uma profecia, uma lição confiada à Igreja no coração da modernidade. Não tem valor só o que funciona, nem conta só quem produz. As pessoas doentes estão no âmago do povo de Deus, que avança juntamente com elas como profecia duma humanidade onde cada qual é precioso e ninguém deve ser descartado».
Cuidar de quem está doente é, ainda hoje, um desafio. Era-o ainda mais no tempo de Jesus, em que se vivia sob as instruções do livro do Levítico que escutámos na primeira leitura, em que se determinava que quem tivesse doenças de pele tinha de viver fora do acampamento dos que atravessavam o deserto, vestir-se de forma andrajosa e gritar «impuro, impuro», para anunciar a sua passagem e evitar contaminar outros. É por isso que o leproso do Evangelho de hoje procura Jesus buscando a cura, consciente de que quer mais do que a cura: quer regressar à comunidade.
Por vezes, esperamos e pedimos milagres fantásticos para aqueles que nos rodeiam, quando podíamos celebrar o milagre do acolhimento todos os dias. Quantos idosos povoam os nossos hospitais, em quartos ou em macas nos corredores, porque foram abandonados? Quantos dos nossos anciãos vivem votados a uma vida de solidão porque os familiares já não os visitam e eles já não conseguem sair?
Precisamos de criar, neste tempo de uma grande frieza em que parece que tudo é tarefa dos outros ou do Estado, equipas de visitadores nas nossas paróquias, cuja missão seja simplesmente estar com os esquecidos, os descartados, os negligenciados, principalmente os idosos. Precisamos de recordar-nos, e de recordar os outros através de gestos, que a vida humana tem valor em todos os seus momentos. É assim que, como Jesus, responderemos a quem estende a mão à procura de alguém e dizemos: «Quero: fica curado».
Lev 13, 1-2.44-46 / Slm 31 (32), 1-2.5.7.11 / 1 Cor 10, 31 – 11, 1 / Mc 1, 40-45