Domingo III da Quaresma – Ano C / Dia da Cáritas
Deus é paciente, clemente e cheio de compaixão. Gosta de nós, porque somos obra das suas mãos, pensados com amor, antes de virmos ao mundo. A Providência divina é realçada, na 1.ª Leitura, com a referência à intervenção de Deus em favor do seu Povo, preparando a libertação dos oprimidos no Egito. Deus viu a situação aflitiva do povo, escutou o clamor dos explorados, conhecia as angústias das vítimas da repressão, desceu a fim de, por meio de Moisés, operar a libertação dos escravizados.
Deus é definido com o nome de «Eu sou aquele que sou», isto é: sou e estou para vós, criaturas prediletas do coração do vosso Criador. Pedimos ao Senhor que nos conceda o perdão dos pecados, dispostos e decididos a também perdoarmos aos nossos irmãos. Na denominada «Oração Coleta», da Eucaristia, escutamos que o «Pai de misericórdia e fonte de bondade» aponta, como remédios do pecado, o jejum, a oração e o amor fraterno. É esse o programa que nos é proposto também pela Igreja para a vivência quaresmal. Rezar para alimentar a fé, jejuar para podermos repartir, praticando a caridade.
O Evangelho de hoje exorta-nos a aproveitar o tempo, a não adiarmos a «conversão», pois as oportunidades que nos vão sendo concedidas podem ser desperdiçadas e, como disse o P. António Vieira, «A graça de Deus tem horas e quem sabe se voltará». Corremos o risco de não darmos o primeiro passo de mudança, ou de, tendo começado com generosidade e determinação, voltarmos a cair nos erros do passado. Daí o alerta de São Paulo: «se julgas estar de pé, toma cuidado para não cair» (2.ª Leitura).
Recordemos a imagem da figueira que não dá frutos. Há que adubar a fé, que despertar a vivência da caridade, que não deixar esmorecer o recurso à oração. Vale-nos a clemência e a misericórdia do Senhor, que nos vai oferecendo novas oportunidades de corrigirmos a esterilidade do nosso Cristianismo tíbio e não praticado. O tempo é limitado. Nunca temos tempo? Somos capazes de dar tempo a Deus e ao próximo? Dêmo-nos conta da paciência de Deus, da gratidão que lhe devemos, da responsabilidade de amadurecermos na caridade e no serviço aos irmãos.
Deus envia-nos, como a Moisés, a vermos, escutarmos, conhecermos, descermos ao terreno, a fim de colaborarmos com Ele na solução de problemas que está na nossa mão resolver.
Ex 3, 1-8a.13-15 / Slm 102 (103), 1-2.3-4. 6-7.8.11 / 1 Cor 10, 1-6.10-12 / Lc 13, 1-9