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Unidos ao Coração de Jesus: As origens da RMOP e do MEJ

Na missa de 3 de dezembro de 1844, dia de S. Francisco Xavier, o P. Francisco Xavier Gautrelet, s.j. apresentou aos alunos da casa de formação jesuíta em Vals, perto de Le Puy, no sul de França, o modelo de vida e de oração que deu forma ao Apostolado da Oração (A.O.). Aceitando a mesma missão que S. Francisco Xavier acolheu no Extremo Oriente, os jovens estudantes tornavam-se missionários ao oferecerem a Deus as suas orações, os seus sacrifícios e os seus trabalhos.

As práticas do A.O. foram adotadas em toda a França e ultrapassaram rapidamente as suas fronteiras. Em 1849, o Papa Pio IX atribuiu as primeiras indulgências ao A.O.

Foi com o P. Henrique Ramière, s.j., que o A.O. se expandiu e organizou nas paróquias, colégios e institutos religiosos. Deu a conhecer as ideias basilares do A.O. através de várias publicações, como a revista mensal Mensageiro do Coração de Jesus, fundada em 1861. Quando este sacerdote morreu, em 1883, existiam no mundo 35 mil Centros do A.O. com mais de 13 milhões de associados.

O A.O. em Portugal

O Apostolado da Oração chegou a Portugal em 1864, com a fundação do primeiro centro do A.O. na Capela de Nossa Senhora dos Milagres/ Basílica da Estrela, em Lisboa, pelo P. António Marcocci.

Capela de Nossa Senhora dos Milagres, localizada na Rua da Estrela, em Lisboa.

Onze anos depois, foi editado o primeiro número da revista Mensageiro do Coração de Jesus, o órgão oficial do movimento em Portugal. Em 1887, contavam-se em Portugal 1074 Centros do A.O. e cerca de 850 mil associados e zeladores.

Zeladores e associados de um Centro do Apostolado da Oração em Portugal (data incerta).

A ordem de expulsão decretada pelo governo da primeira República, em 1910, conduziu os jesuítas e as obras a seu cargo para o exílio. Este acontecimento marcou profundamente a estrutura e o funcionamento do Secretariado Nacional e dos Centros do A.O. A falta de sacerdotes e a ausência do Secretariado Nacional deixaram os Centros do A.O. sem dirigentes e sem orientação central. Para colmatar esta falha, o Secretariado Nacional passou a enviar a partir da Bélgica, onde se tinha refugiado, a revista Mensageiro do Coração de Jesus para Portugal de forma clandestina, a partir de 1913.

Membros da Companhia de Jesus em Portugal exilados após a expulsão decretada pelo governo português em 1910.

O despoletar da Primeira Guerra Mundial, em 1914, forçou os jesuítas portugueses a sair da Bélgica para Espanha, onde continuaram a editar o Mensageiro, até 1925.

O regresso progressivo dos jesuítas a Portugal, entre 1926 e 1932, permitiu restabelecer o normal funcionamento dos Centros. Aquando do primeiro Congresso do A.O., organizado em Braga, em 1930, contabilizavam-se em Portugal 1.610 Centros do A.O. e cerca de um milhão e quinze mil associados.

Mapa dos Centros do Apostolado da Oração fundados em Portugal desde 1864 até agosto de 1930.

“Ora! Comunga! Sacrifica-te! Sê apóstolo!”

A Cruzada Eucarística das Crianças, secção infantil do A.O., foi fundada pelo Papa Bento XV, em 1915. Assumiu um papel importante na formação e iniciação apostólica dos jovens católicos, ao longo do século XX. Chega a Portugal em 1921, com a fundação das Cruzadas de Monserrate e da Igreja Matriz, em Viana do Castelo, e do Asilo da Infância Desvalida, em Angra (Ilha Terceira, Açores). A partir de 1928, alastrou-se com mais rapidez pelo território português. Em 1929, contavam-se 11 mil crianças inscritas em 250 Cruzadas.

Cruzada Eucarística das crianças do Colégio do Coração de Jesus da Póvoa de Varzim, estreando os uniformes oficiais, 1929.

Lançada em janeiro de 1930, a revista Cruzada Eucarística das Crianças era o seu órgão oficial. Contou com uma edição experimental: uma separata do Mensageiro do Coração de Jesus, lançada em junho de 1929, que inspirou o primeiro diretor, P. Mariano Pinho, s.j., a criar uma revista própria para crianças, de menor dimensão e de leitura mais acessível. Em seis meses, apareceu a revista Cruzada, uma publicação atenta às questões da infância e editada para um público de jovens leitores que partilhavam os valores de sacrifício, de oração e de comunhão.

Primeira capa da revista Cruzada – janeiro de 1930.

Constam, nas primeiras edições, informações úteis aos centros da Cruzada, as intenções de oração do Papa, notícias sobre os Cruzados em Portugal, histórias, poemas, anedotas e textos programáticos em linha com o objetivo de propagar e defender a fé cristã. Aquando da morte do primeiro diretor, a Cruzada contabilizava três mil assinaturas.

De 1953 a 2008, a publicação da Cruzada esteve a cargo do P. Fernando Leite, s.j. Ao longo de 55 anos, a revista alcançou 120 mil assinantes, tornando-se a revista católica portuguesa com maior expansão. Secções como as Perguntas com Resposta e os Testemunhos Vivos dão, ainda hoje, voz aos leitores, permitindo-lhes esclarecer as suas dúvidas e partilhar as suas experiências de fé.

Nos últimos 16 anos, a Cruzada teve três diretores: o P. Dário Pedroso, s.j., de 2008 a 2014 e, de 2014 a 2022, o P. António Valério, s.j. Hoje, 95 anos depois da sua criação, é seu diretor o P. António Sant’Ana, s.j. A comunidade de assinantes da Cruzada abrange muitos emigrantes, sendo expedida mensalmente para mais de 80 países.

A Rede Mundial de Oração do Papa: a nova vida do A.O.

Há 16 anos, a Companhia de Jesus deu início ao processo de recriação do A.O., incidindo em três áreas: tornar o A.O. uma rede de oração, trabalhar com as dioceses e paróquias para apresentar a obra aos fiéis e promover o Movimento Eucarístico Juvenil (MEJ), antiga Cruzada Eucarística das Crianças. A Igreja pode, assim, chegar aos fiéis através da mensagem espiritual simples e profunda do A.O., que encoraja os cristãos a abrir os seus corações às necessidades da Igreja e do mundo e a contribuir para a sua missão através da oração e da interação diária com outros crentes e não crentes.

Em 2014, o Papa Francisco aprovou o documento de recriação do A.O., que consagrou uma nova designação: Rede Mundial de Oração do Papa (RMOP).

Os novos estatutos, aprovados pelo Papa Francisco a 27 de março de 2018, constituem a RMOP como Obra Pontifícia para a difusão das intenções de oração do Santo Padre. Em dezembro de 2020, Francisco constituiu esta obra pontifícia como fundação vaticana (pessoa jurídica canónica e vaticana, com sede no Estado da Cidade do Vaticano) e aprovou os estatutos definitivos a 1 de julho de 2024.

A RMOP conta, atualmente, com cerca de 22 milhões de membros em todo o mundo e está presente em mais de 90 países.

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