fbpx

Setenta vezes sete

“Misericórdia”, “perdão”, “silêncio”, “peregrinação”, “obras de misericórdia”, “reconciliação”. Estas são algumas das palavras-chave da Bula Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, que proclama o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, a celebrar entre 8 de Dezembro deste ano e 20 de Novembro de 2016.

É um documento prático, com algumas indicações sobre como celebrar e viver, em todo o mundo, este Ano que se aproxima. Mas é também um documento formativo, que convida a uma reflexão sobre a misericórdia, o perdão, a celebração do sacramento da Reconciliação, ou a importância da escuta da Palavra de Deus como forma de contemplar e assumir a misericórdia. E convida a contrariar o clima de indiferença, abrindo os olhos às situações do mundo que nos rodeia, perante as quais somos convidados a agir com misericórdia.

O Santo Padre afirma que “é triste ver como a experiência do perdão na nossa cultura vai rareando cada vez mais” (n. 10). Esta é uma tristeza que também nos inquieta?

Segundo o Papa Francisco, onde a Igreja está presente a misericórdia de Deus deve ser evidente. “Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia” (n. 12).

A Bula agora apresentada no Vaticano lança um convite muito directo à reflexão, e redescoberta, sobre as obras de misericórdia, corporais e espirituais. Quantas vezes, durante este Ano, vamos dar de comer aos que têm fome e de beber aos que têm sede, vestir os nus, acolher os peregrinos, visitar os doentes e os presos e enterrar os mortos? E quantas vezes vamos aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as fraquezas do próximo e rezar a Deus por vivos e defuntos?

Francisco dirige um apelo específico à conversão, aos que “estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida” (n. 19), concretamente os que pertencem a um grupo criminoso e os defensores e cúmplices da corrupção: “Este é o momento favorável para mudar de vida” (n. 19).

No documento, o Santo Padre afirma que “a misericórdia possui uma valência que ultrapassa as fronteiras da Igreja. Ela relaciona-nos com o judaísmo e o islamismo, que a consideram um dos atributos mais marcantes de Deus […]. Possa este Ano Jubilar, vivido na misericórdia, favorecer o encontro com estas religiões e com as outras nobres tradições religiosas; que ele nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas a formas de violência e discriminação” (n. 23).

Que estes apelos do Papa Francisco ecoem na vida de cada um de nós, especialmente durante o Jubileu que se aproxima e deve ter continuidade na nossa vida, mesmo depois do seu término. Que o Amor de Deus nos inspire a dar passos de misericórdia concretos, na família, no local de estudo ou trabalho, na comunidade paroquial que integramos, na relação com os nossos amigos e conhecidos.

Tenhamos a coragem de perdoar “setenta vezes sete…” vezes (cf. Mateus 18, 22). Tentemos, pelo menos!

 

Cláudia Pereira

Atualidade

Meditação Diária

Seleccione um ponto de entrega