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Princípios e interesses

1. Há tempos, alguém me fazia recordar a importância de distinguir entre “princípios” e “interesses”. Os princípios enraízam a vida pessoal e comunitária em valores sólidos, independentes das modas intelectuais ou outras; os interesses variam, segundo as circunstâncias – mas devem sempre subordinar-se aos princípios, sob pena de os porem em causa. Quando alguém – indivíduo ou comunidade – esquece os princípios para avançar os interesses, lança as sementes da própria ruína.

2. A distinção entre princípios e interesses é particularmente importante para os cristãos, nas suas relações pessoais (família, escola, trabalho, amizades…) e na sua relação com a sociedade (em particular, no âmbito da política). Colocar os princípios que derivam da fé em Jesus à frente dos próprios interesses, mesmo quando estes são legítimos, é uma exigência do ser crente.

3. É bastante fácil, porém, justificar o abandono dos princípios e jogar segundo os interesses do momento. Pode acontecer num acto eleitoral, numa conversa entre amigos ou no modo como se reage às questões culturais mais exigentes. Tenta-se fazer o Evangelho mais simpático, coloca-se a doutrina entre parêntesis, em nome da eficácia pastoral, diz-se o que as pessoas gostam de ouvir, procura-se a aceitação dos outros, o aplauso da comunicação social, o sucesso mediático…

4. O Papa Bento XVI costumava lembrar que, para os católicos, há “valores não negociáveis”: a vida humana, o matrimónio entre um homem e uma mulher, o direito dos pais a educar os filhos, a promoção do bem comum em todas as suas formas. Bento XVI, porém, é passado e talvez seja tempo de seguir adiante. Alguns dizem que é inevitável, se queremos que a Igreja tenha lugar neste novo mundo, pois os velhos princípios tornaram-se obsoletos e precisam de ser substituídos por outros, mais adaptáveis às exigências do tempo. Talvez seja assim… mas eu prefiro ficar com a recomendação de São Paulo: «Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito» (Romanos 12, 2).

 

Elias Couto 

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