O Papa que veio do fim do mundo tem revolucionado o mundo de crentes e não crentes sobretudo pela coerência entre o que diz e o que faz, entre a fé e o testemunho de vida e missão. Francisco não só prega como emprega o Evangelho e pede insistentemente aos cristãos que sejam verdadeiramente cristãos, não tanto pelo que dizem, mas pelo que fazem, pelo modo como se comportam.
O Santo Padre bate-se muito pela consistência entre as palavras e os atos, desde logo junto das cúpulas da Igreja, pouco habituadas a ouvir de forma tão direta e veemente este chamamento à coerência.
A inconsistência por parte de pastores e de fiéis entre o que dizem e o que fazem, entre a palavra e o modo de vida, está a minar a credibilidade da Igreja, disse o Papa, numa homilia que proferiu na basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma, acrescentando que o anúncio da fé é inseparável de comportamentos coerentes com as convicções cristãs.
Mais recentemente, num encontro ecuménico em Bari, Francisco voltou ao assunto: como Igreja, somos tentados, pelas lógicas de poder e lucro, resolutivas e de conveniência. O nosso pecado é a incoerência entre a fé e a vida, que obscurece o nosso testemunho cristão.
Quando, em Igreja, descartamos pessoas pela lógica do poder e do lucro, esquecendo o bem, a dedicação, o serviço e os laços, deixamos de ser Igreja, deixamos de ser cristãos. A espiritualidade superficial e a falta de respeito pelo outro, evidente na vida de tantos crentes e também entre os membros do clero, contraria a fé e os princípios cristãos.
Em Igreja, as pessoas têm de estar acima de tudo. As suas vidas, as suas fragilidades e as suas capacidades para crescer e melhor servir têm de ser consideradas antes de quaisquer resultados vertidos em números. Temos de ser responsáveis por tudo o que cativamos, por aqueles com quem criamos laços e por todos os que Deus coloca no nosso caminho. Porque só assim somos humanos. Porque só assim somos dignos de nos chamarmos cristãos.
Elisabete Carvalho