Evangelizar constitui a missão da Igreja. É a sua vocação. Desde o dia de Pentecostes que a Igreja tem procurado cumprir o mandato do Senhor Jesus Cristo de ir e ensinar. Entre os destinatários da evangelização estão os jovens que, se são destinatários, queremos que sejam, sobretudo, protagonistas dessa mesma evangelização e artífices da renovação social. Eles são uma força excepcional, um grande desafio para o futuro da Igreja, são a esperança da Igreja. A Igreja vê-se a si mesma neles, em cada um e em cada uma. Foi assim desde o princípio, desde os tempos apostólicos. A primeira carta de São João é disso um testemunho: Escrevi-vos a vós jovens, porque sois fortes, e a Palavra de Deus habita em vós. A Igreja não se cansa nem se pode cansar de anunciar Jesus Cristo como a única e superabundante resposta às mais radicais aspirações dos jovens. E se os jovens hoje, como sempre, têm muitas coisas a dizer à Igreja, a Igreja também tem muitas coisas a transmitir aos jovens. Será neste diálogo recíproco, feito com cordialidade, clareza e coragem, que se favorecerá o encontro e o intercâmbio das gerações, com proveito para toda a comunidade humana (cf. Christifideles laici 46).
Para que isto aconteça naturalmente, a Igreja tem tido sempre, em cada tempo, a preocupação e a sensibilidade de ir ao encontro de todos, através das várias intermediações que cada tempo lhe vai oferecendo. E não seria bom se o não fizesse.
Evangelizar implica comunicar e a comunicação provoca a cultura do encontro e do diálogo. A fé exige este encontro forte com Jesus Cristo. Implica estar com Ele, falar com Ele, caminhar com Ele, aprender com Ele, entrar na sua confiança infinita, associar-se à sua oração e ser levado por Ele, passo a passo, até ao Pai, como refere o Youcat.
É por isso que, no campo da evangelização, os modernos meios de comunicação social revestem uma importância de primeira grandeza. Intensificar a presença da Igreja no mundo da comunicação é, sem dúvida, uma das grandes prioridades de hoje, dizia João Paulo II ao mesmo tempo que reproduzia uma afirmação de Paulo VI: A Igreja viria a sentir-se culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados (João Paulo II, Discurso Inaugural da IV Conferência Geral do Episcopado Latino Americano, 1992, República Dominicana).
Estes meios digitais de comunicação social, sobretudo hoje da comunicação digital, são de tal forma importantes que se tornaram, para muitos, o principal instrumento de formação e de informação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. As novas gerações, em especial, crescem num mundo condicionado por eles (cf. P. Américo Aguiar, Um Padre na Aldeia Glob@l, 2014). São geração digital. Bento XVI, consciente de que o primeiro areópago dos tempos modernos é, na verdade, o mundo das comunicações que está a unificar a humanidade, transformando-a na aldeia global, desafiava os jovens versados nas novas tecnologias a serem evangelizadores deste continente digital (Mensagem para o Dia da Comunicação Social, 2009).
Se bem nos recordamos, já os Padres Conciliares afirmavam que os jovens são evangelizadores dos outros jovens.
Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2002, o Santo Padre dizia que para a Igreja, o novo mundo do espaço cibernético é uma exortação à grande aventura do uso do seu potencial para proclamar a mensagem evangélica. É, de facto, um desafio constante para todos nós.
Sabemos que a proposta cristã nunca foi tão amplamente divulgada e se ainda não chegou a todos, nunca chegou a tantos como hoje. Mas o bom uso destes meios de comunicação ainda pode levar a mensagem muito mais longe, de melhor formar, com aquela beleza e encanto que a juventude é capaz de lhe imprimir e a todos cativar.
Estes meios não têm apenas a possibilidade de multiplicar o anúncio do Evangelho: trata-se de um facto muito mais profundo, porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência. (Id., Um Padre )
Mas que linguagem havemos nós de usar para que nos oiçam, com beleza e encanto?
O Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização afirma que este mundo da comunicação não pode ser considerado somente de modo funcional Pensar o mundo da comunicação em termos de pura tecnologia é redutivo e não ajuda a ver o verdadeiro rosto da cultura que ele contém A linguagem que está a nascer através das novas formas de comunicação necessita ser conhecida, estudada e se possível utilizada, sem atraiçoar a mensagem de que somos portadores.
Portanto, não é suficiente usar estes meios para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja é necessário integrar a mensagem nesta nova cultura criada pelas modernas comunicações a cultura moderna brota, ainda antes do que dos conteúdos, do próprio facto da existência de novos modos de comunicar que utilizam novas linguagens, se servem de novas técnicas e criam novas atitudes psicológicas. Tudo isto constitui um desafio para a Igreja chamada a anunciar o Evangelho aos homens do terceiro milénio (Id., Um Padre na ).
Portanto, a questão que hoje se coloca à Igreja já não é a de saber se o homem da rua pode ainda receber uma mensagem religiosa, mas sim a de encontrar as melhores linguagens de comunicação que permitam dar todo o seu impacto à mensagem evangélica (Dia da Comunicação Social, 1989). Com qualidade, sem empenharmos ou colocarmos em causa nada do que nos define e daquilo que queremos anunciar.
Se temos consciência de que a presença nestes meios é uma oportunidade de encontro e a sua ausência uma perda desse encontro, então, devemos estar lá, mas estar com a maior qualidade possível para podermos proporcionar a todos um encontro pessoal na amizade com Jesus Cristo. Um encontro de tal forma confiante que leve cada um a abeirar-se de Jesus e a perguntar-lhe como o jovem do Evangelho: Mestre, que é que eu hei-de fazer para ser feliz?
Louvamos e aplaudimos esta iniciativa que o Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, em parceria com o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e com a empresa La Machi, nos oferecem com propostas de orações simples e breves para além do convite a fazermos parte de uma rede social de oração.
Antonino Dias
(Bispo de Portalegre-Castelo)