Começa na próxima quinta-feira, dia 21 de fevereiro, na Aula Nova do Sínodo, no Vaticano, uma cimeira sobre a proteção de crianças e abusos sexuais na Igreja, convocada pelo Papa Francisco, em que participam 190 pessoas, incluindo 114 presidentes de conferências episcopais, os chefes das Igrejas católicas orientais, os superiores da Secretaria de Estado do Vaticano, os prefeitos de várias congregações e dicastérios da Cúria Romana (Doutrina da Fé, Igrejas Orientais, Bispos, Evangelização dos Povos, Clero, Institutos de Vida Consagrada; Leigos, Família e Vida) e representantes dos institutos religiosos, além dos membros do conselho consultivo de Cardeais e membros da organização do evento.
O escândalo dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica foi um dos grandes desafios assumidos pelo Papa em 2018. Esta cimeira já foi marcada por Francisco no dia 12 de setembro do ano passado, no seguimento de um encontro do “C9”, o grupo de cardeais que aconselha o Papa sobre a reforma das estruturas da Igreja.
Hoje, em conferência de imprensa, o porta-voz do Vaticano agradeceu a “coragem” das vítimas de abusos sexuais, cometidos por membros do clero ou em instituições religiosas, e o trabalho dos jornalistas que contaram as suas histórias.
“É preciso o compromisso de todos para olhar este monstro nos olhos, se o queremos derrotar”, disse Alessandro Gisotti, diretor interino da sala de imprensa da Santa Sé, na apresentação da inédita cimeira que o Papa convocou e 21 a 24 de fevereiro, três dias de trabalho que vão abordar, sucessivamente, um tema específico: responsabilidade, accountability (prestação de contas) e transparência.
Alessandro Gisotti destacou o papel dos media, “neste caminho doloroso”, e “coragem” das vítimas, que souberam “quebrar o silêncio”.
“O seu sofrimento exige, por nós, pelos meus filhos, pelos vossos filhos, que façamos todos os possíveis, cada um no seu próprio papel, pequeno ou grande, na Igreja, para que esta seja cada vez mais uma casa segura” para as crianças e os mais frágeis, acrescentou.
“Passos de Contrição” pelas vítimas e conversão da Igreja
Ontem, no final da oração do Angelus, na praça de São Pedro, em Roma, o Santo Padre pediu orações por este encontro, que decorre até domingo, dia 24 de fevereiro, e que Francisco classificou como “um ato de forte responsabilidade pastoral perante um desafio urgente do nosso tempo”.
Respondendo ao pedido de orações do Papa, o Passo-a-Rezar e o Ponto SJ prepararam uma oração especial pelas vítimas deste flagelo e pela conversão da Igreja. Nesta oração, propõe-se que cada cristão possa tocar o sofrimento dos que foram vítimas de abusos sexuais, de poder e de consciência por parte de sacerdotes e religiosos e que possa rezar para que a Igreja seja capaz de encontrar as melhores formas de reparar estes pecados e feridas, num caminho de verdade e transparência, atuando também de forma a que não voltem a repetir-se.
Esta proposta especial de oração, com duração de 14 minutos, tem como textos condutores a “Carta ao povo de Deus”, dirigida pelo Papa Francisco a todos os crentes, em agosto, bem como o Evangelho de São Mateus, em que Jesus fala das crianças. Foi escrita por Pedro Gil e tem como leitores Paulo Nogueira (pontos) e Rita Nascimento (texto bíblico). Para ouvir aqui.