As redes sociais mudaram o nosso mundo. Pela primeira vez na História, temos ferramentas que nos permitem chegar ao mundo inteiro que se encontram literalmente ao alcance dos nossos dedos. É uma época animadora, mas ao mesmo tempo confusa. Com tanto barulho e com tanta informação potencialmente nociva a circular online, é difícil discernir entre o bem e o mal.
A velocidade ultrapassa a nossa capacidade de avaliar criticamente os nossos processos comunicativos e de aplicar padrões coerentes com a nossa fé. O crescimento das APPs e das redes sociais está a mudar a maneira como milhões de cristãos oram – o próprio significado de ser religioso também está a mudar.
Como profissionais de comunicação, perguntamo-nos frequentemente se estas redes serão o próximo grande campo para a evangelização ou se serão apenas uma enorme perda de tempo.
À partida, as redes sociais podem ser uma plataforma importante para a evangelização global. Permitem redescobrir velhas amizades ao mesmo tempo que aumentam a nossa esfera de influência. Mas também têm ajudado a diluir as linhas entre interações apropriadas a nível público e privado.
Hoje em dia, o pensamento crítico está em regressão, por isso, devemos resguardar-nos contra respostas emocionais impulsivas numa sociedade consumista e saturada pelos meios de comunicação. Muitas relações nascem, são nutridas e são sustentadas unicamente através das redes sociais, o que é deveras assustador.
Somos levados a interpretar de forma errada as emoções, os comportamentos e a linguagem corporal, entre outras nuances da comunicação que não são discerníveis através das redes sociais. Os princípios da comunicação respeitosa são, muitas vezes, ignorados.
Temos de ter em conta os aspetos negativos das redes sociais, recordar-nos que nem todos os utilizadores têm boas intenções e adotar medidas de precaução.
Apresento, de seguida, 19 princípios que podem orientar a comunicação online:
– Há mais mundo para além das redes sociais: Lembre-se que as redes sociais são uma parte de uma comunidade significativa, não uma substituição desta: se as suas interações se limitam ao universo online, está a perder.
– Comunique de forma clara: faça perguntas, oiça e explique-se de forma clara, definindo os termos usados. Se o debate fica aceso, evite ataques pessoais.
– Quando estamos a receber informação: não se esqueça de colocar questões de forma a compreender. Não seja presunçoso. Leve o seu tempo para avaliar a compreensão da pessoa que comunica sobre o tema em questão, a terminologia usada, entre outros aspetos. Num diálogo na vida real, temos de esperar pela nossa vez de falar, mas com os comentários online, acabamos apenas por ir descendo na página: recusamo-nos a ouvir e transformamos o assunto numa coisa completamente diferente.
– Seja cuidadoso: aborde assuntos controversos com precaução. Quantos problemas surgem de uma atitude irreverente em relação a temas importantes? Seja transparente, mas não demasiado transparente. Não está apenas a falar com os seus amigos, está a comunicar com todo o mundo.
– Defina os conceitos: Muitas das discussões online envolvem duas partes que não tentam compreender o que a outra parte realmente quer dizer.
– Ame o seu próximo como a si mesmo: Não ataque ou embarace o outro publicamente se pode lidar com as diferenças de forma privada. Não lave a roupa suja em público!
– Mostre respeito até por aqueles que não o merecem; não como reflexo do caráter do outro, mas como reflexo do seu caráter: muitas pessoas estão nas redes sociais e nos fóruns para gerar drama e criar discussões. Lute contra a tentação de cair no pessimismo. Coloque-se acima desta possibilidade recusando criticar os outros ou entrar em discussões ruidosas online (mesmo que mereçam!). Irão respeitá-lo mais e a sua influência será mais forte se mostrar dignidade e contenção nos posts que coloca online.
– Faça um esforço acrescido: comunique de forma humilde e graciosa. Antes de enviar uma mensagem, releia-a tendo em conta o ponto de vista da outra pessoa. Assim, consegue verificar se está a transmitir de forma genuinamente humilde a sua mensagem. É importante que evitemos parecer uns sabichões arrogantes. Uma mensagem é melhor comunicada quando não apenas dita, mas também vivida.
– Dê o benefício da dúvida: é melhor do que assumir as piores intenções. Tal como temos outras pessoas a interpretar mal o nosso tom ou intenção, temos de ter cuidado em não fazer o mesmo aos outros. Assuma o melhor até prova em contrário.
– Se se sentir zangado e irritado, pare: talvez descubra que não se está a querer dizer aquilo que interpretou à partida.
– Não use as redes sociais apenas para informar: use para criar impacto nas pessoas: as pessoas não estão apenas à procura de informação. Estão há procura de inspiração!
– Não afogue a sua semente: as ideias levam tempo a enraizar. Quando marcar um ponto forte, deixe-o assentar e relaxe. Pode encontrar resistências, mas interiormente, quem lê estará a processar e a absorver o que afirmou.
– Não seja desencorajado pelas críticas. A crítica é o preço da influência: mantenha a paz de espírito caso receba um elogio ou uma crítica. Isto é mais importante do que tentar ser influente junto do público. De qualquer forma, uma crítica só quer dizer que o público está atento. Escolha ser um encorajador; o mundo já tem demasiados críticos!
– Pese as críticas antes de responder: Há, frequentemente, um pouco de mérito em qualquer crítica. Mas Deus pode usar os nossos oponentes para revelar as nossas falhas de caráter. É importante resistir a respostas impulsivas. Apenas servem para colocar mais lenha na fogueira.
– Numa conversa transformada em discussão, pare para se questionar se está apenas a tentar ganhar a discussão, ou se está a tentar ganhar a pessoa. Veja no seu coração como se sente no início e ao longo da conversa. Pergunte a si mesmo “Seria capaz de dizer a mesma coisa cara-a-cara?”.
– Tome medidas de precaução: verifique as opções de privacidade e seja seletivo nos pedidos de amizade que aceita.
– Se é pai ou mãe, interaja regularmente online com os seus filhos e seja um participante ativo no modo como os seus filhos utilizam as redes sociais.
– Tenha consciência do impacto das suas publicações, fotos ou comentários no seu futuro. Ao publicar conteúdo numa rede social, está a comunicar com toda a Internet, incluindo familiares, amigos e atuais ou futuros empregadores. As ramificações de qualquer opinião no presente e no futuro devem ser tidas em conta. Devemos assumir que tudo fica gravado de forma permanente e visível para todos.
– Não esteja sempre online. Encontre um equilíbrio e coloque barreiras: Use as ferramentas de forma eficaz, mas não se deixe prender numa prisão digital. A omnipresença dos smartphones e das redes sociais fazem com que seja difícil evitá-los.
Betânia Ribeiro