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Brotéria – outubro 2024

Vol 199 – 4

Brotéria
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Brotéria – outubro 2024

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Autor

Brotéria

Descrição

Pela atenção dada à literatura e à crítica literária, deste que criou o seu segmento cultural, em 1925, a revista Brotéria foi estabelecendo verdadeiras redes de relação entre autores, recensores e leitores, procurando despertar um desejo de ler.

No editorial de janeiro de 1925, em que se assinala essa mutação na revista, afirmava-se que «os intelectuais são hoje uma legião que, mais do que nunca, investigam a verdade no campo religioso, procuram aumentar os cabedais dos seus conhecimentos científicos e literários e se dedicam apaixonadamente à leitura». Passou, então, a fazer parte das suas secções a crítica literária. Poderemos mesmo dizer que não houve publicação de relevo em Portugal, particularmente a partir da segunda metade do século passado, que não tivesse sido objeto do olhar acutilante dos recensores da Casa de Escritores da Brotéria. Muitas dessas notas críticas revelaram-se “proféticas” a respeito dos percursos literários de muitos dos escritores portugueses. Se nalguns casos não estiveram isentas de polémica, noutros criaram laços indiscutíveis entre autores e recensores, bem patentes na vasta coleção de exemplares autografados, com dedicatórias pessoais àqueles que se ocupariam de fazer a crítica nas secções de vida literária da revista, presentes na biblioteca da Brotéria. Mas as recensões desempenham na Brotéria um outro papel: o de aguçar o apetite pela leitura dos romances ou ensaios alvo de recensão.

Não deixa de ser interessante que precisamente quando se assinalam cem anos dessa viragem decisiva e da atenção que os assuntos literários passaram a ocupar na revista, o Papa Francisco tenha publicado recentemente uma carta intitulada “Carta do Santo Padre Francisco sobre o papel da literatura na Educação”, uma verdadeira apologia do prazer de ler. Com o desejo de que essa prática possa contribuir para a formação dos candidatos ao sacerdócio, alargando-lhes a capacidade de comunicação e a imaginação, o Papa faz, no seu estilo fluido e coloquial, um verdadeiro elogio da fruição da literatura como fonte de inspiração. Numa linha contracorrente à tentação que assalta as novas gerações de não desviar o olhar dos écrans, Francisco advoga a importância da leitura lenta, meditada, mastigada, digerida, podendo assumir um forte poder espiritual e pastoral.

Sem perder de vista o desiderato inicial de ser um contributo para a formação dos pastores e fonte de inspiração para as homilias e outras formas de comunicação eclesial, sublinha que a literatura «ajuda a quebrar os ídolos das linguagens autorreferenciais, falsamente autossuficientes, estaticamente convencionais» dado que a palavra literária «é uma palavra que põe a linguagem em movimento, liberta-a e purifica-a; abre-a, por fim, às suas ulteriores possibilidades expressivas e exploratórias». Socorrendo-se do exemplo sapiencial do livro do Génesis, sublinha que a força espiritual da literatura recorda a primeira tarefa confiada por Deus ao homem e à mulher: «a tarefa de “dar nome” aos seres e às coisas” que passa pelo reconhecimento da sua própria realidade e do sentido da existência dos outros seres».

Se a função das recensões críticas da Brotéria é cultivar nos leitores o desejo por ler as obras alvo da sua atenção, esperamos despertar nos nossos leitores o interesse pela leitura desta carta de Francisco a que podemos muito bem chamar “o elogio da leitura”.

 

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