Todos os nomes de todas as criaturas

 O Livro do Génesis diz-nos que “Deus, após ter formado da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, conduziu-os até junto do homem, a fim de verificar como ele os chamaria, para que todos os seres vivos fossem conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes…” (2, 19-20).

Na mente dos povos antigos, um nome expressava a essência ou a identidade de uma pessoa. Portanto, conhecer o nome de alguém – ou dar um nome a uma pessoa ou animal – é uma identificação do carácter da pessoa que o carrega. Mais ainda, assumir a tarefa de nomear outro significa que o nomeador (neste caso, Adão) conhece ou compreende o nomeado. E finalmente – nomear alguém significa que o nomeador tem autoridade sobre o nomeado. Isto é algo bastante profundo e pode encorajar-nos a pensar duas vezes antes de atribuirmos nomes.

Assim, de uma perspetiva bíblica, aprendemos várias coisas com os versículos 19 e 20 do segundo capítulo do Génesis. A primeira é esta – Deus confia a Adão a tarefa de nomear os animais, o que significa várias coisas. Primeiro, que Adão devia esforçar-se por conhecer e compreender estas criaturas. E segundo, ao assumir a tarefa de os nomear, Adão devia ter autoridade sobre eles. Ele devia ser um administrador, um cuidador daqueles a quem dava nome. Admito que, ao longo dos tempos, a palavra “autoridade” tenha sido mal empregada. Não significa “saquear” ou “abusar”. Significa cuidar de outro, no melhor sentido da palavra.

Portanto, consideremos isto: destes dois versículos da Bíblia surge uma teologia de como a humanidade deve relacionar-se com as criaturas da Terra. Devemos fazer o nosso melhor para compreender estes seres e cuidar deles.

Vale a pena perguntarmo-nos como poderíamos assumir a tarefa de Adão e sermos alguém que conhece e compreende os animais da Terra e exerce autoridade sobre eles. Se fizermos isto com compaixão, poderemos descobrir que estamos a viver mais perto do propósito de Deus quando este nomeou a humanidade para ser administradora da Terra e de tudo o que nela habita. E isto, se pensarmos bem, pode ser realmente uma Boa Nova.

Betânia Ribeiro

(Fotografia: redcharlie – unsplash.com)

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