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Estar ao lado

Antes do equívoco ou do pecado, o que nos torna profundamente humanos e semelhantes é a experiência da dor e da doença. Uma experiência que se torna o limite extremo de um caminho que nos leva para além da nossa compreensão, mas que nos conduz ao abraço de Deus! A minha experiência de homem e de sacerdote colocou-me muitas vezes “ao lado” daqueles que sofrem e vivem situações de doença. E assume os contornos dos rostos e dos nomes de muitos que encontrei ao longo dos anos. Diferentes maneiras de estar “ao lado”, de acompanhar e partilhar, dizendo poucas palavras, a maior parte do tempo em silêncio, carícias feitas de olhares, lágrimas quentes e abandono à vida e, portanto, a Deus.

A experiência na enfermaria do Cottolengo de Turim, na unidade de cuidados oncológicos de longa duração, permitiu-me conhecer a determinação e a doçura de Dina, ferida não só pela doença, mas sobretudo pela solidão, mas nem por isso menos tenaz e combativa; e de Mário, que saiu da enfermaria em lágrimas porque se sentia ali em casa e amado pelos voluntários, pelos profissionais de saúde e pelas freiras do hospital.

Destas e de muitas outras experiências, ficou o sentido profundo do que significa acompanhar o doente, a pessoa que sofre e a sua família, desde os corredores do hospital até aos quartos mais solitários de uma casa, levando sobretudo uma presença, a própria e a de Deus, que, mesmo através do sacramento da unção dos enfermos, se não cura o corpo, pode aliviar e dar sentido à experiência radical da dor e da doença.

Sobre o que significa estar “ao lado” e qual deve ser o estilo de acompanhamento do doente, ficou-me gravado na memória o que um companheiro jesuíta me contou sobre a sua experiência com o seu pai, que estava prostrado, incapaz de comunicar e de se mover. Cada vez que punha a mão sobre a do pai, este afastava-a. O companheiro, entristecido, pensou que o pai o estava a rejeitar no seu leito de morte. Mas então teve uma intuição: em vez de pousar a mão sobre a do pai, colocou-a suavemente sob a sua palma. O pai já não a afastou e os dois despediram-se em paz.

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