Domingo IV da Quaresma – Ano C
Celebramos, hoje, o domingo «Laetare» = «Alegra-te» (Jerusalém…), como se celebra, no Advento, o domingo «Gaudete» = «Alegrai-vos…». Rezamos, jejuamos, praticamos o amor fraterno? A Páscoa virá coroar em alegria as renúncias quaresmais. Acompanhamos Jesus no caminho para a morte; estaremos com Ele e Ele connosco no triunfo jubiloso da Ressurreição.
O Salmo incita-nos a refletir, a saborear e a ver como o Senhor é bom. Seguindo as pegadas de Cristo, imitando os seus gestos, transformamo-nos em seus «embaixadores», artífices de coisas belas em favor dos irmãos, colaborando com Deus que, por sua vez, colaborará connosco.
As parábolas da misericórdia [da ovelha perdida, da dracma perdida, do filho pródigo = do(s) irmão(s) perdido(s), do pai pródigo de bondade, perdão e misericórdia que se antecipa a abraçar os filhos levianos e ingratos] devem constituir a motivação maior e mais consoladora para a alegria esfuziante de termos, no pai da parábola, o retrato do verdadeiro pródigo (= «que dá sem medida») – o próprio Deus.
Do filho mais novo lemos que «caiu em si» e voltou a ter saudades do aconchego do lar paterno, onde reina o amor incondicional de um Pai que chora a ausência e o afastamento daquele a quem concedeu o benefício da liberdade total para o bem e/ou para o mal. É de supor que também o mais velho se tenha deixado comover com as palavras e com o gesto do pai e se tenha reconciliado com o irmão.
Agradecemos ao Senhor por nos conceder a graça de podermos recomeçar a acreditar no seu amor. Pedimos que incentive em nós o desejo de imitar a sua prodigalidade superabundante. Que tenhamos aprendido dos erros do passado, que não sejamos ingratos e não voltemos a afastarmo-nos d’Ele, seduzidos por prazeres ilusórios que esvaziam os valores autenticamente cristãos.
Procuremos viver na consciência de que Deus tem permanentemente os olhos em mim, sempre à espera que eu retribua esse olhar, escute a voz interior que me atrai para Ele e sinta a responsabilidade de ser colaborador das suas maravilhas em favor dos outros seus filhos, meus irmãos.
«A alegria de Deus é a nossa força». Alegremo-nos por termos o privilégio de nos ser concedida a dita de sermos chamados a dar alegria a quem dela carece.
Na Eucaristia, deixemo-nos transformar na pessoa de Cristo Senhor, Pão da vida, de quem escutamos a Palavra e que nos é dado na comunhão.
Jos 5, 9a.10-12 / Slm 33 (34), 2-3.4-5. 6-7 / 2 Cor 5, 17-21 / Lc 15, 1-3.11-32