Sexta-Feira Santa, Solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor – Ano B
A cruz não é o final da história. A cruz é o inaugurar da derrota da sombra através da vida oferecida em amor. Não nos reunimos hoje nas igrejas para nos recordarmos que há sombras na criação. Nós reunimo-nos hoje para recordar as suas vítimas, entre as quais está o nosso Deus, e rezarmos como uma só Humanidade, implorando por todos.
O nosso Deus encontra-se entre os mais fracos e desprotegidos. É esse o seu amor preferencial, pois é aí que faz mais falta a sua presença. E é precisamente aí que somos chamados a estar, como seus discípulos.
Nós somos o povo da esperança e da festa, mas não nos podemos deixar cegar por um otimismo vazio ou pela indiferença. A luta contra o mal é algo de todos os dias e só há uma forma de sair vitoriosos: assumir o nosso lugar entre os últimos, algumas vezes ao seu lado, outras vezes em seu lugar, e proclamar que o nosso grande desejo é que todos vivam a alegria da companhia do Pai, a vida que é para sempre.
Neste dia de sombra, arrisquemos ser a tremulante chama da esperança, oferecendo as nossas vidas como a cera onde a graça de Deus é acolhida e, queimando sem consumir, ilumina os irmãos que andam perdidos no vale das sombras e da morte.
Is 52, 13 – 53, 12 / Slm 30 (31), 2.6.12-13.15-17.25 / Hebr 4, 14-16; 5, 7-9 / Jo 18, 1 – 19, 42