Domingo III do Tempo Comum – Ano C / Domingo da Palavra de Deus / 1.º Dia da Semana do Consagrado
O terceiro domingo do Tempo Comum é denominado «Domingo da Palavra de Deus». Redescobrir em Jesus Cristo a Palavra que é viva, traz um sentido especial ao Ano Santo que estamos a celebrar em 2025.
A vivência da comunidade em redor da Palavra de Deus é-nos apresentada na Leitura do Livro de Neemias. Estamos nos séculos V/IV a.C., no regresso do Exílio da Babilónia, por ordem do rei da Pérsia, Ciro. Para os habitantes de Jerusalém, este regresso é ainda um tempo de miséria e desolação, com a cidade sem muralhas, mas contemporaneamente um tempo de esperança pelo regresso a casa. Com o templo reconstruído, faz-se a leitura solene da Lei e restabelece-se o culto. Deus fala pelos acontecimentos e nem sempre pelos melhores. Quando parece que tudo corre mal e se navega em tempestade de alto-mar, a Palavra de Deus torna-se uma oportunidade de reconstruir os muros da fé.
Uma outra leitura deste episódio diz-nos que Deus fala através da comunidade. Quando regressa do exílio e se volta a reunir no templo de Jerusalém, a escutar a Palavra de Deus, o povo de Israel reúne «homens e mulheres e todos os que eram capazes de compreender». Unidos em comunidade na escuta da Palavra, compreendemos a vida de Jesus e fortalecemos a esperança. Neste sentido, diz São Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios que somos membros de um único Corpo e que é Jesus quem nos une, «judeus e gregos, escravos e homens livres», num só corpo, porque batizados «num só Espírito», onde cada um exerce uma função diferente, de acordo com os dons e qualidades. A Igreja é o «corpo místico de Cristo» que continua a construir o reino de Deus entre «todos, todos, todos», como dizia o Papa Francisco na JMJ Lisboa 2023.
Este percurso pela meditação e pelo acolhimento da Palavra de Deus tem o seu ponto culminante em Jesus Cristo. Recorda São Lucas que Jesus, ao entrar na sinagoga de Nazaré, abriu o livro do profeta Isaías e cumpriu em si a profecia. Jesus materializa a promessa de Deus de curar as nossas feridas, de nos libertar do que nos aprisiona e torna dependentes, de abrir o nosso entendimento à verdade e de nos oferecer caminhos de paz.
Ne 8, 2-4a.5-6.8-10 / Slm 18 (19) 8-10.15 / 1 Cor 12, 12-30 / Lc 1, 1-4; 4, 14-21