Domingo IV do Advento – Ano B
Na I leitura, o rei David partilha com o profeta Natã os seus planos de construção de um palácio para a Arca da Aliança. Este gesto de cuidado da parte de David encontra em Deus uma resposta curiosa: o Senhor surge-lhe em sonhos com a promessa de que lhe oferecerá uma casa, para ele e para todo o povo, num descendente da sua linhagem que terá a Deus como Pai e que será um Filho para Ele.
Devido à nossa parca imaginação, podemos ficar-nos pela dimensão terrena: o Senhor abençoa David e a sua casa dinástica. Mas o Senhor não está preocupado com a casa de David e com a perpetuação no tempo do seu domínio de Israel. O Senhor, com esta promessa, pretende cuidar da grande família humana, anunciando um Messias que virá para o povo.
Paulo, na II leitura, fala do «mistério que estava encoberto desde os tempos eternos mas agora foi manifestado e dado a conhecer a todos os povos». Este mistério é a presença de Deus entre nós, primeiro através do Filho, hoje através do Espírito Santo, cuja marca está em toda a criação, desde o início dos tempos, e que habita cada um de nós pelo batismo. Este sempre foi o grande plano de Deus, mas ao qual por vezes continuamos surdos.
Esta noite, recordaremos como Deus nasceu entre palhas e não num palácio, com os seus pais por perto e não rodeado de uma multidão de servos, com animais, e não um sistema central de aquecimento, a providenciar calor. Libertemo-nos das preocupações do mundo. Não procuremos construir palácios. Vivamos, sim, de forma que cada um de nós seja casa para Deus e para todos os irmãos. É isto o Natal.
2 Sam 7, 1-5.8b-12.14a.16 / Slm 88 (89), 2-5.27.29 / Rom 16, 25-27 / Lc 1, 26-38