Domingo XVI do Tempo Comum – Ano C
Um barco precisa de dois remos. Só com um remo, giraria à volta de si mesmo sem avançar. A vida cristã também requer o cumprimento do amor a Deus e o mandamento do amor ao próximo. As irmãs Maria e Marta são a personificação exemplar de duas atitudes que se devem complementar, pois devem ser inseparáveis: rezar e fazer!
Como Maria, não podemos dispensar a escuta da Palavra de Deus e o saborear a presença divina no nosso peregrinar a caminho do último e definitivo encontro com o Senhor. A fé é alimentada pela oração. Inspirados pelo Espírito Santo que reza em nós, somo impelidos à prática da caridade traduzida em gestos de solidariedade, atenção, respeito, dedicação e serviço cordial aos irmãos.
não rezamos, corremos o risco de nos transformarmos em simples funcionários que trabalham movidos pelo interesse, sem pormos o coração no que fazemos, por nos faltar a motivação evangélica de, no próximo que vemos, descobrirmos Jesus identificado com os mais pequeninos.
Ninguém pode dar o que não tem. Façamos o bem como Marta, sem esquecer que o cântaro tem de ir à fonte a fim de ser enchido para ser derramado de forma a banir a aridez e matar a sede de quem anseia por uma bebida libertadora. O Senhor é água viva, é pão da vida, é caminho, é luz do mundo, Bom Pastor, orou longamente e ensinou- -nos a rezar o Pai-Nosso.
Temos de «escolher a melhor parte», lembrados da palavra de Jesus: «Uma só coisa é necessária». Trata-se de não separar a prática do mandamento do amor, a Deus e ao próximo. Isso implica e pressupõe que sejamos cumpridores da Palavra escutada na oração pessoal privada e na participação nas celebrações coletivas, na igreja. «De que aproveitará a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras?» (Tiago 2, 26). E como conservar, intensificar, renovar a fé, sem a ir suplicar a Deus que no-la concede como dom, desejando que a cultivemos, fortalecidos pela sua graça? O Senhor concede-nos, de graça, os seus dons, a fim de que dêmos, de graça, o que de graça recebemos.
Quando vamos à Eucaristia dominical, sintamos ou imaginemos que somos como Maria a escutar! Ao sermos despedidos – «Ide em paz e o Senhor vos acompanhe» –, sejamos Marta atarefada, a agir à maneira do Bom Samaritano (domingo passado!).
Gen 18, 1-10a / Slm 14 (15), 2-5 / Col 1, 24-28 / Lc 10, 38-42