Tudo nos leva a pensar, a sentir, a vivenciar, mesmo a sofrer desta certeza: o nosso mundo, a nossa querida humanidade está doente. O nosso mundo, como escreveu o Papa Francisco, parece um mundo sem coração, sem afeto, sem misericórdia, sem amor à vida, sem arriscar dar-se mais e melhor a todos, sem lutar pacificamente para que haja menos fome, menos guerra, menos violência, menos ódio, menos sofrimento. Entramos no ano de 2025 com um mundo com muitas doenças, muitas patologias. Precisamos de rezar e pensar muito neste mundo sem coração.
Jesus, a quem milhões e milhões de pessoas, católicas e não católicas, amam e veneram, ensinou-nos, deu-nos e quer dar-nos a paz. Ele é o Príncipe da paz, o Rei da paz. Paz nos corações, paz nas famílias, paz entre famílias, paz nos países, paz nos corações de todos. Bem-aventurados os que constroem, os que dão paz, os que vivem em paz e a espalham à sua volta. O ódio, a violência, as armas não serão nunca caminho para a paz. Tudo o que é avareza, ganância, violência, vingança, ódio nascido do mal, não gera paz, não dá paz aos corações, às famílias, aos países.
Mas nós temos a certeza de que a esperança gera cá dentro do coração, da alma, da vontade desejos de paz. Temos uma semente de divindade dentro de nós, o Deus que é amor nos habita. Ele nos ajudará a ser paz e a construí-la para os outros, a fazer os outros mais felizes, a não roubar, a não tirar a alegria, a saúde, a felicidade, a vida de ninguém. Jesus é em nós fonte de contínua esperança.
Vivamos a esperança que Deus semeia em nós. Deixemos que ela transborde para a vida e para os corações dos outros. Saibamos ser corações em paz, pela presença de Jesus, e essa paz ajudará o mundo. Sejamos corações em fogo de amor, para que o mundo não “morra” de frio. Sejamos semeadores de alegria e felicidade. Ajudemos a transformar o mundo a partir dos nossos corações embebidos de Deus e do seu divino amor.
Que o ano jubilar que começámos, com o símbolo maravilhoso das portas abertas das catedrais e de muitas igrejas no mundo inteiro, possa ser um ano de coração, para amar mais, para ser mais paz para os outros, para uma conversão sincera. A nossa Porta é Jesus, e Ele quer fazer-nos entrar e caminhar para o Pai, para Vida, para o Amor. Entrar por esta Porta e levar connosco o mundo, no nosso coração, para que se transforme pela força e poder da graça divina. É esta a grande indulgência, pois é o ato de amor mais universal. Ir pelos desertos sem pão, sem casa, sem amor, sem fé, sem paz, sem Deus e incendiá-los com o amor de Jesus e do seu Coração.
Sonhemos com um mundo novo, esperemos a sua transformação. Sonhemos com um mundo com coração que ama, porque aprendeu com Jesus a amar sempre e a todos. Não ao ódio, não à guerra, não à violência. Sim à vida, sim à paz, à partilha, à compaixão, ao amor sem limites. Vem aí um mundo novo. É o grito da nossa esperança.
Dário Pedroso, sj