Neste mês de fevereiro faz um ano que começou a guerra na Ucrânia. Desde a Segunda Guerra Mundial que não assistíamos a um conflito desta dimensão tão perto de nós. Habituados a viver longe das grandes operações militares que nos entravam em casa pela comunicação social, tocámos de perto esta realidade. Vimos chegar muitos refugiados ao nosso país, acompanhámos o drama das famílias separadas pelos que ficaram a integrar os exércitos, comovemo-nos com o número das vítimas civis que a guerra provocou, entre elas muitas crianças.
Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano de 2023, o Papa Francisco alertou que «a guerra na Ucrânia ceifa vítimas inocentes e espalha a incerteza, não só para quantos são diretamente afetados por ela, mas de forma generalizada e indiscriminada para todos, mesmo para aqueles que, a milhares de quilómetros de distância, sofrem os seus efeitos colaterais». Nas contas mensais dos alimentos, no preço dos combustíveis e da eletricidade, nas matérias-primas que demoram a chegar às empresas, cada um continua a experimentar os efeitos da guerra nalguma dimensão da sua vida. Mas não podemos perder a esperança da paz em gestos simples pelo bem de todos e na oração. Este mês começa com a festa da Apresentação do Senhor no Templo, que em muitos lugares evoca Nossa Senhora da Candelária. Com as candeias acesas, procuremos as «primeiras luzes da aurora», como diz ainda o Papa Francisco, que nos trazem a esperança de um mundo capaz de construir a paz.
P. António Sant’Ana, sj
Imagem: Parte de foguete russo diante de prédio público em Bakmut, em 21 de fevereiro de 2023. REUTERS/Alex Babenko