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Tríduo Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus

O Tríduo Pascal é a celebração da paixão, morte e ressurreição de Jesus, a grande festa de Páscoa. Inicia-se na Quinta-Feira Santa com a missa vespertina da Ceia do Senhor; prossegue na Sexta-Feira Santa com a celebração da Paixão do Senhor e culmina no Sábado com a Vigília Pascal, poucas horas antes do Domingo de Páscoa, Dia da Ressurreição.

Apresentamos-lhe abaixo uma pequena reflexão para cada um destes dias especiais para os católicos.

 

QUINTA-FEIRA SANTA

Ceia do Senhor

Os «discursos de despedida», seja como género literário, seja como circunstância biográfica penúltima, são textos naturalmente “cheios”. “Cheios”, pelo dramatismo que a tela sugere; “cheios”, pelo peso que as palavras assumem. Gestos e palavras tornam-se enormes sínteses de vida, de tal modo que aquele que as profere como que se resume. Aquelas horas tornam-se cenários de revelação onde o protagonista se apresenta como é. Por isso, quando chegamos aos relatos evangélicos da «véspera da paixão» deparamo-nos com um ambiente “cheio” onde Alguém retira de Si «o manto» até assumir a sua forma mais crua e simples, a ponto de os presentes poderem dizer “agora sim, sabemos quem Tu és”.

O Mistério fica a nu. Doravante, será a descoberta da sua disponibilidade a fazer d’Ele Alguém raro, estranho, único. Jesus, e com Ele o próprio Deus, surgirá como Alguém radicalmente próximo e amável. É na sua simplicidade que está a medida da sua capacidade de nos surpreender. Afinal, depois d’Ele, não é possível ser grande sem chegar a ser simplesmente pequeno.

O lava-pés torna-se uma parábola da identidade de Deus. Ser Deus é dar-Se por amor. Foi isso que nos criou; é isso que nos recria. Esse é, também o sentido profundo da eucaristia: Deus entregue, por amor.

 

SEXTA-FEIRA SANTA

Paixão do Senhor

A «imagem da cruz» será sempre perturbadora. Perturbadora pela situação humana nela evocada, que nos remete para os meandros mais soturnos de qualquer história; perturbadora, ainda, pela sugestão de uma visão inesperada do rosto de Deus e da sua atitude perante a experiência da vulnerabilidade.

Para chegar ao cerne da «cruz», temos que avançar para lá do ruído assaz real da injustiça (que nela também está pregada), ultrapassar a incompreensão que uma morte assim naturalmente provoca (como se adivinha da súbita deserção por parte dos amigos de Jesus, para quem aquele seria o último desfecho imaginável) para chegarmos, por fim, ao silêncio abandonado d’Alguém que, mesmo perdido, Se mantém de coração voltado para Aquele que ama. A «cruz» torna-se, assim, um observatório no qual a humanidade se percebe, como num espelho, na sua dupla condição de agressora e vítima.

Se no suspiro de Jesus, Meu Deus, meu Deus, a que Me abandonaste?, ouvimos tantos dos nossos uivos diante da vizinhança da morte, no silêncio daquela hora ouvimos a gramática do amor: só o que é acolhido pode ser salvo. Em Jesus, Deus acolhe a nossa própria morte. O seu silêncio é o sinal da sua disponibilidade para amar até ao fim. Estar vivo, para Deus, não significa não morrer, mas antes amar ao extremo. Talvez por isso é que a Sua morte foi tão vital: com ela, tudo ficou amado.

 

SÁBADO SANTO

Vigília Pascal

O que a morte extinguiu, o amor reassumiu. O que nela se perdeu, por ele foi reencontrado. O que nela anoiteceu, nele ganhou luz. O itinerário pascal transfigura o “imaginário” da fé, do ser humano e do próprio rosto de Deus. «Ser criado» e «ser ressuscitado» exprimem uma dinâmica comum: o que somos, somo-lo pelo amor. É por ele que o mundo ganha tecido, a vida pulsação, as relações ânimo.

A Noite Maior da fé evoca todo esse alvoroço de recriação através dos quatro momentos da liturgia da vigília. Assim, começamos na noite para sermos introduzidos na luz (liturgia da luz); estávamos envoltos em silêncio, até que a Palavra irrompeu (liturgia da palavra); mergulhados num útero de morte, fomos fecundados pela vida nova (liturgia baptismal); famintos de felicidade, recebemos Deus como festim de eternidade (liturgia eucarística).

A evocação implícita dos clássicos elementos constitutivos da natureza (fogo, ar, água, terra), a inclusão dos aspectos a um tempo cénicos e sedutores latentes nos jogos de sensações (o cheiro do lume e do incenso, os matizes de luz, o aumento do número de protagonistas – desde o escopo mínimo do círio, à invocação da «inumerável multidão dos santos») transporta-nos para uma paisagem inédita de intimidade com Deus. Estamos, pois, nas grandes núpcias de Deus com a humanidade e com toda a criação. Porque o amor transborda pela eternidade afora.

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