Portugal eucarístico

Dois cenários, dois estilos de ação, dois estandartes, duas opções. Por um lado, um Portugal que parece menos cristão, com celebrações com menos gente, onde abundam situações sociais difíceis de desemprego, de falta de habitação digna, de violência, de crimes, de fraudes, onde há a nível de Igreja menos vocações, menos compromisso de vida cristã, menos sacramentos. Por outro lado, grandes multidões no Santuário de Fátima, muitos empenhados num voluntariado que revela serviço e dom aos mais pobres e carenciados, grande generosidade em estruturas como o Banco Alimentar Contra a Fome; e, pela graça de Deus, um Portugal que viveu a Jornada Mundial da Juventude, com muitos milhares de participantes, e se prepara para viver um Congresso Eucarístico, em que em todas as igrejas e paróquias se vai rezar mais e viver intensamente o dom da Eucaristia, como semente de esperança, como pão partido para alimento espiritual.

Num Portugal que parece descristianizar-se temos, só no século vinte, vários processos de canonização em Roma, do Padre Francisco Cruz, do Frei Bernardo de Vasconcelos, do Padre Américo da Obra do Gaiato, de Monsenhor Braz, do Cónego Manuel Formigão, entre outros, e tivemos a graça de várias beatificações, como a da Alexandrina Maria da Costa, a Madre Rita, a Madre Clara, além de outras, como a Beata Maria do Divino Coração, e canonizações, como as de Francisco e Jacinta Marto, São Nuno de Santa Maria… E há no meio do povo de Deus muita gente santa, boa, generosa, dedicada, ou sacerdotes de várias dioceses, homens e pastores santos e dedicados que deram a vida a Jesus e à Igreja, e na vida consagrada, em diversos carismas, homens e mulheres que são “evangelho vivo”, no modo de amar e servir.

Se é verdade que, dentro de nós, como afirmou Santa Teresa de Ávila, é um campo de batalha, também no seio das famílias, das paróquias, das instituições, da sociedade inteira se travam batalhas entre o bem e o mal, entre o amor à vida e a permissão de matar, entre a honestidade e lealdade e tanta fraude, entre a verdade e tanta mentira, entre o serviço generoso e a avareza e o egoísmo atroz. Mas há muito sinais de esperança, muitas sementes de bem, de alegria, de santidade, de honestidade e verdade. E o Congresso Eucarístico e as muitas centenas de sacrários espalhados por Portugal inteiro são presença de Jesus, Amigo, Salvador, Redentor, Senhor da vida e do amor, fonte de paz e de justiça. Com Ele e n’Ele renasce a esperança.

Eucaristias vividas ao longo do dia, vidas eucarísticas que são fogo de amor, famílias e paróquias centradas em Jesus Eucaristia serão sementes de vida nova, testemunhos transformadores, que vão irradiando Jesus no meio da vida e da sociedade. Cristãos e cristãs, mesmo que sejam pequeno rebanho, serão esperança renovada, fonte de vida nova, com critérios éticos, com semente de Evangelho no seio da política, da arte, da ciência, no setor da saúde, nas escolas, no dia a dia da vida. Não percamos a esperança. Teremos um Portugal mais eucarístico e, por isso, mais digno, mais pacífico, mais livre, mais justo.

O futuro, embebido da Eucaristia, pode ser diferente, tem de ser diferente. O Jesus que vem a nós e nos diz que nós ficamos n’Ele é a nossa esperança e salvação. A partir da Eucaristia seremos outros, seremos mais cristãos convictos e convincentes. Renasce a esperança!

Dário Pedroso, sj

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