Não sou profeta nem filho de profeta. Sou um homem de fé que quer ler tudo, sobretudo a vida e os acontecimentos à luz do Deus que é Amor. Por isso, apesar dos males que existem e que passaram o ano connosco, quero acreditar com todas as forças da alma e do coração que, no ano que começa, renasce a esperança. Quero que não haja em mim nem em vós, leitores deste «mundo à nossa volta», tristeza, pessimismo, falta de esperança.
Acredito que o amor de Deus, Aquele que pode fazer das pedras «filhos de Abraão», Aquele que cura, ressuscita, Aquele que Se dá a nós é o Omnipotente. Acredito que, como dizia Abraão: «Deus providenciará», Ele nunca nos faltou, nunca nos faltará. Por isso, ao começar o novo ano de 2019, renasce a esperança, como das cinzas pode brotar o fogo do amor, da luz, da vida, como de um tronco vazio irão brotar folhas e flores. Renasce a esperança porque o amor de Deus é infinito e o Espírito Santo quer renovar sempre a face da terra.
Este ano celebramos o centenário da morte de São Francisco Marto, o pastorinho de Fátima, o amigo e consolador de Jesus, o adorador da Eucaristia, a criança inocente e santa que nos anima e estimula, cujo exemplo de vida e de santidade nos encanta e toca o coração.
Que graça imensa termos um ano para contemplar Francisco, o pastorinho apaixonado por Jesus, com um desejo indomável de O consolar, de Lhe fazer companhia, de não O ofender, de ser amigo do Amigo Divino. Uma criança que, com o seu coração tocado por Deus e pela graça, se torna um expoente de vida cristã, de amor evangélico, de místico da Eucaristia. Ele nos vai ajudar a rezar mais, a fazer mais companhia a Jesus, a sermos mais fortes na fé e na esperança, com o coração cheio de mais amor. A lutar contra o pecado que está em nós e no mundo. E vai renascer a esperança.
Vamos esperar que aumentem os postos de trabalho e que muita gente desempregada consiga seu trabalho, seu salário, tenha uma vida mais estável e harmoniosa, possa educar melhor seus filhos. Vamos esperar que as reformas do governo possam ajudar, com justiça e verdade, a que os idosos e os reformados tenham um fim de vida mais sereno e alegre. Vamos esperar que as sucessivas greves e reuniões de professores possam resultar num clima escolar mais calmo e mais frutuoso para milhares de alunos. Vamos esperar que não nos matem a esperança, a alegria, o sonho, o desejo de viver e de amar mais. Vamos esperar que nos saibamos unir, não para gerar violência, roubos, fraudes criminosas, mas sim mais paz, mais meios para cuidar da saúde, mais oportunidade para sermos felizes e fazer os outros felizes.
Ter começado o ano com a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, que é nossa Mãe, Mãe e Rainha de Portugal, nos aumente a certeza da sua ajuda e proteção, nos leve a rezar mais e a confiar nEla e em seu Coração Imaculado, pois temos experiência alegre e confiante que é nosso refúgio e proteção, que somos Terra de Santa Maria, que é mesmo verdade o que o Papa Francisco nos disse em Fátima: «Temos Mãe».
Unidos a Ela, metidos em seu Coração de Mãe, colocando nele tudo e todos, sobretudo os mais pobres e marginais, os doentes e os que sofrem, os governantes, os magistrados, os chefes de empresas, os juristas, a porção da Igreja que está em Portugal, com todos os pastores e fiéis, com bispos, sacerdotes, consagrados, leigos, os que não têm fé, os que vivem em pecado, os que têm vidas mergulhadas no vício, no crime, na violência, no roubo, teremos, com Maria, a Mãe, um ano melhor, mais feliz, mais pacífico, com mais esperança.
Vivamos alegres esta esperança que não nos engana. O reino dos Céus é dos violentos. Sejamos audaciosos na esperança.
Dário Pedroso, sj
Fotografia: Evan Kirby (unsplash.com)