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Portas e corações abertos

Até na China, em várias igrejas de várias zonas e dioceses, foram abertas “portas” em união com toda a Igreja, no início do Ano Jubilar. Estamos a caminho com Jesus, que é a Porta, por onde podemos entrar sempre em direção ao Coração do Pai da misericórdia, no caminho da fidelidade e da santidade, em busca das fontes da água viva que purifica, fertiliza, dá graça, saúde e paz. Jesus, como Porta, abre-nos todos os caminhos e quer abrir também nosso coração. Devem ser, em todo o mundo, disseminadas por todos os continentes, países, regiões, dioceses, paróquias, santuários, muitos milhares de “portas jubilares”, abertas para nos ajudar a entender que, com Jesus, que é a Porta, podemos sempre dar mais um passo na conversão, na paz, na alegria, na felicidade de viver a nossa fé, de amar mais, de sermos mais misericordiosos.

A “porta aberta” é convite a abrir nosso coração, nossa vida, nossa casa, ao amor de Jesus e ao amor do próximo. Porta sempre aberta para não deixar que o egoísmo se instale, que o egocentrismo nos preencha o interior, que a avareza e o ciúme, a injustiça, o poder do dinheiro, a violência de toda a ordem nos arruínem por dentro. Com Jesus em nós caminhamos no Ano Jubilar com um desejo renovado de conversão e de graça. Nada nem ninguém pode impedir que o nosso coração se abra ao amor, como a Porta, que é Jesus, nunca se fecha ao dom da graça e da misericórdia. Portas abertas, bem escancaradas, para que a luz de Deus e o seu amor nos invadam o coração, a inteligência, a vontade, a afetividade, a vida, a família, o local do emprego, do estudo.

O Ano Santo Jubilar é-nos proposto como dinamismo de vida nova. É uma esperança para a Igreja e para o mundo. Corações, muitos milhões de corações tocados pela graça da conversão, pelo desejo de misericórdia vivida a sério podem ser incendiários de um mundo novo, de uma sociedade nova, de uma vida humana tocada, bafejada pelo dom divino, pelo sopro do Espírito. Quantas maravilhas vamos ter em nós, à nossa volta, na Igreja e no mundo inteiro se vivermos a sério as exigências do Ano Santo? Quantos corações reconciliados com Deus, com os outros, consigo mesmos? Quantos critérios o amor misericordioso vai transformar em nós, nas nossas famílias, nas nossas escolas, nas nossas empresas, nas nossas paróquias, nas nossas comunidades! Sonhemos com o dom que nos vem do Céu, do Coração do Pai, pela Porta que é Cristo. Sonhemos com renovada esperança e desejo renovado que os corações se transformem. O banho divino da misericórdia que se debruça sobre nós e sobre o mundo, sobre a nossa miséria e o nosso pecado vai realizar prodígios de graça.

A misericórdia, esse amor compadecido, terno, carinhoso, das entranhas do nosso Deus, do Coração do Pai, quer ajudar-nos a lutar para que acabem as violências de toda a ordem, as injustiças, as mentiras que enganam, a corrupção que degrada, a depravação moral que suja, o ódio que gera dor e mais ódio, a matança ou o tráfico de pessoas, a exploração de menores, o desprezo e abandono de idosos, de pobres, de marginais. Pela Porta que é Cristo podemos entrar na festa do perdão e da misericórdia, lavar almas e corações, converter vidas e critérios, gestos e atitudes. O nosso coração, aberto ao amor, ao próximo, ao doente, ao que sofre, ao marginal, ao que é violentado, será fonte de vida nova, de paz e de alegria, será porta aberta para que a graça entre e transforme, cure e purifique. Milhões de corações abertos, renovados pelo amor, vão ajudar a transformar a Igreja e o mundo. Vivamos a esperança de um mundo mais pacífico, mais justo, mais fraterno, mais digno, mais em festa, mais semeado de obras de misericórdia.

 

Dário Pedroso, sj 

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