O Papa apela, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a uma «comunicação construtiva», que promova a «cultura do encontro» e que não protagonize o mal. O Dia das Comunicações Sociais assinala-se em maio, mas tradicionalmente a Mensagem é divulgada a 24 de janeiro, dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Este ano o tema é “Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo”.
O Santo Padre gostaria que esta Mensagem chegasse «como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, “moem” tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação».
«A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade», refere o Papa no documento.
O Santo Padre considera que é necessário «romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas “notícias más” (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas)».
Francisco realça que «não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingénuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal. Antes, pelo contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e resignação que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal».
O pontífice alerta para o perigo de transformar as más notícias em espetáculo, levando as pessoas a ficar indiferentes ao mal. «Num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero», menciona.
Francisco propõe «um estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia».
O Papa diz ainda que para os cristãos «os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia», a partir do Evangelho, e que «quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo, torna-se capaz de discernir em cada evento o que acontece entre Deus e a humanidade».