O mês de Setembro está a começar. Muitos, ainda há poucos dias, estavam a olhar o mar, a dar um passeio na serra, ou simplesmente a não fazer nada, olhando preguiçosamente a paisagem.
Agora regressam as rotinas, o trabalho, as preocupações. Muitos preocupam-se também com o arranque do novo ano escolar e tudo o que ele envolve: o material escolar, os livros, a mochila com os rostos dos desenhos animados preferidos e o estojo novo, mesmo a condizer. O equipamento desportivo tem que estar em perfeitas condições e o espaço de estudo em casa devidamente equipado.
A agressividade da onda publicitária do regresso às aulas tende a criar necessidades nem sempre existentes. No meio de tantos folhetos e cartazes, promoções e descontos, é preciso saber quais as reais necessidades, incutindo também nos mais novos o sentido da responsabilidade e do cuidado com os materiais e espaços associados ao estudo, para que os mesmos tenham uma durabilidade razoável. Não vamos comprar a mochila da moda ou o estojo novo só porque o amigo tem um igual, mas porque realmente precisamos deles.
No meio desta azáfama em que nos vemos envolvidos, será que não temos um tempinho, por mais pequeno que seja, para fugir um pouco do bulício? Para pensarmos naquilo que podemos fazer para que este regresso não adquira rapidamente o ritmo dos anteriores? Para não cairmos desde já nas rotinas habituais e vermo-nos sem tempo para estas pequenas pausas?
Claro que esta fuga também exige de nós algum combate ao comodismo. Experimentemos, por exemplo, sair do conforto do sofá. Tenhamos a ousadia de pôr os pés ao caminho. Literalmente. Apreciemos com calma a paisagem, os recantos que habitualmente percorremos quando estamos, por exemplo, numa fila de trânsito. Vamos ter certamente a oportunidade de reparar em pormenores que antes nos passavam despercebidos. Vamos, se calhar, dar por nós a agradecer o dom da Criação, tal como o Papa Francisco nos convidou a fazer no início deste mês.
Com companhia, tudo se torna mais fácil. Por isso, ousemos desafiar alguém de quem gostamos para, descontraidamente, nos fazermos ao caminho e sentirmos como o simples respirar do ar puro nos pode levar a uma atitude diferente.
Estes momentos, por mais breves que sejam, podem ter em nós um efeito surpresa. E vão, certamente, levar-nos a encarar o regresso à rotina com mais ânimo e de uma forma mais leve. Ousemos pôr os pés ao caminho.
Cláudia Pereira