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O P. Jacques Hamel e a Eutanásia da Europa

1. Só agora tenho oportunidade de prestar, por escrito, a minha homenagem ao P. Jacques Hamel, degolado por dois muçulmanos jihadistas, a 26 de julho, enquanto celebrava a Eucaristia. Diga-se, em abono da verdade, que o seu martírio recebeu poucas ou nenhumas homenagens, fora da sua diocese. Desde Roma até este extremo da Europa, o seu testemunho foi descartado com meia dúzia de considerações piedosas e politicamente corretas. Tal, infelizmente, está na moda, sobretudo porque não é de bom tom dizer que a sua morte aconteceu por ódio à fé cristã e em nome e por causa de uma religião. Mesmo os responsáveis hierárquicos da Igreja preferem refugiar-se nas banalidades da “religião da paz”, ou do “aqueles não representam o islão”… amalgamando tudo, não vá alguém lembrar-se de gritar “lobo” (neste caso, “islamofóbico”).

2. Premonitórias, as sábias palavras de Bento XVI em Ratisbona, alertando o Islão para a necessidade de se deixar confrontar pela razão e alertando o racionalismo ocidental para a necessidade de se deixar encontrar pelo Cristianismo. Em vez de escutarem o velho mestre, islamistas e racionalistas insultaram-no e só não organizaram, em conjunto, o seu linchamento público porque isso ainda não voltou a estar em uso no Ocidente. Lá chegaremos…

3. Na sua voz débil, de um ancião de 86 anos todo dedicado ao seu Senhor e aos seus irmãos, o P. Hamel grita-nos o que disse aos seus assassinos enquanto estava a ser degolado: “Afasta-te, Satanás!”. O mal tem nome, afinal, e os mártires são as primeiras testemunhas disso. No Ocidente, porém, esse nome foi silenciado. Bem haja, P. Hamel, pela coragem luminosa que emergiu do seu martírio. Perdoe-nos e peça ao seu Senhor perdão para nós, porque não temos a mesma coragem e nos apressamos a esconder a lâmpada debaixo da cama. Vemos as igrejas ficarem vazias e, em vez de tentar avivar a torcida que ainda fumega, fazemos planos pastorais muito alinhadinhos, repetindo as mesmas coisas de sempre, sem resultado nenhum. E nem pomos a hipótese de que as igrejas vazias da Europa são o requiem por nós, uma civilização descrente, cansada de si e pronta a morrer o mais politicamente correto que é possível: por eutanásia da memória.

 

Elias Couto

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