Muito mais do que se estava à espera. Como é próprio do agir de Deus, que nos surpreende com os seus dons quando, ao colocarmos nas suas mãos os frutos do nosso trabalho e do nosso esforço, deixamos que seja Ele a fazer a sua parte.
A recriação do Apostolado da Oração, que tem vindo a ser feita nos últimos anos, conheceu, no passado dia 6 de Janeiro, um impulso muito concreto, com o lançamento de O Vídeo do Papa (www.ovideodopapa.org). A iniciativa, do Apostolado da Oração Internacional, apresentado oficialmente como Rede Mundial de Oração do Papa, divulgou o primeiro de uma série de vídeos mensais com o próprio Papa Francisco como protagonista, falando e pedindo orações pela intenção Universal do mês de Janeiro: Para que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
Resultado: em apenas 48h após o lançamento, O Vídeo do Papa, publicado no Youtube e nas várias plataformas do projeto (site, facebook e twitter), em 10 idiomas, teve mais de 2 500 000 visualizações e foi falado em mais de 450 meios de comunicação em todo o mundo, televisões, rádios, jornais e sites.
Não é novidade que o Santo Padre fale das suas intenções de oração. Aliás, ao longo dos 170 anos de história do AO, os vários pronunciamentos dos Papas acerca da missão específica desta obra foram sempre motivo de entusiasmo para todas as pessoas que faziam parte desta Rede Mundial de Oração, disponíveis para oferecer a própria vida quotidiana em favor das grandes preocupações do mundo e da missão da Igreja. Mas a novidade deste projeto e seu surpreendente impacto está no modo usado para o fazer: um vídeo pensado e realizado de uma forma profissional e extremamente cuidado.
Não sendo aqui o lugar para fazer uma análise detalhada do que está por trás da edição de um vídeo desta qualidade (a mensagem em si, a iluminação, a escolha das imagens, a música ) gostaria de chamar a atenção para alguns pormenores do vídeo que fazem dele um meio inexcedível não apena para comunicar um tema de oração sobre a intenção do Papa, mas também para criar um impacto que toca a vida e faz pensar sobre o modo como se imagina e leva à prática esta intenção.
A sucessão das diferenças entre as várias religiões é acompanhada pela voz de Francisco que vai fazendo progredir a ideia, já sublinhada por ele noutras ocasiões, de que quem está seguro das suas convicções não tem necessidade de se impor ao outro: sabe que a verdade tem a sua própria força de irradiação (Discurso num encontro de responsáveis religiosos em setembro de 2014). O desenrolar desta pequena narrativa culmina com a expressão de um poderoso acordo entre todos, com um Creio no Amor dito por cada um, assumindo as diferenças próprias, mas realizando um verdeiro encontro em vista do bem de todos. A imagem final fica na memória e questiona o coração: há tantas pessoas diferentes à minha volta, que vivem e pensam as coisas de um modo diferente do meu (não falando apenas de diferentes religiões) isso é uma riqueza a ter sempre presente. Mas porque é que as diferenças são sempre vistas como divisão e motivo de conflito? Não será precisamente o encontro sincero destas diferenças que constrói a paz? A sensação com que se fica depois de ver o vídeo é, na verdade, a paz e uma motivação forte a construir algo juntos para o bem de todos. Um desafio para a vida concreta!
Alegremo-nos por este modo tão desafiador de rezar e, sobretudo, viver o tema das intenções, unidos ao que o Papa Francisco tanto deseja para o mundo. Na Rede Mundial de Oração do Papa – o Apostolado da Oração.
António Valério, sj