A lógica humana rejeita qualquer perda, especialmente a de seres tão queridos como um filho. O sabor da ausência é amargo, o silêncio e o vazio são dilacerantes. Apenas o milagre da fé pode fazer ver a vida onde há morte. Uma fé que, com o tempo, se torna cada vez mais luminosa.
Ninguém melhor do que a Virgem Maria conhece este sofrimento, não só pela perda do filho amado, mas porque Ele era absolutamente inocente e bom. A compreensão humana não está à altura e nunca estará. Mas é disso que se trata. Ela não procurou explicação. Não mergulhou nos seus pensamentos, mas sim na sua fé, apoiada nas promessas e nas palavras do seu próprio filho.
Ela escutou, limitou-se a fazer silêncio e a ouvir o que Deus lhe pedia: “Dá-me o Filho, em troca de todos estes filhos. Não és mãe de um, és mãe de todos. A morte não é mais do que um novo nascimento dele e teu. Morre o teu filho e nasces como mãe”. É o que o passo 7 d’O Caminho do Coração também nos ensina: “O que parece paradoxal é que essa mesma renúncia ou entrega – embora, no fundo, signifique desprendermo-nos ou deixar qualquer coisa, uma morte em certo sentido – nos faz sentir vivos, chegando mesmo a ter uma vida renovada e mais plena do que se tivéssemos guardado para nós aquilo que entregamos. Ao que parece, despojar-nos ou morrer para alguma coisa… dá-nos vida, faz nascer algo novo. Esta experiência, em suma, vai configurando em nós uma vida ‘eucarística’, uma vida entregue, uma vida capaz de dar vida entregando-se, renunciando, morrendo para alguma coisa”.
Isto que parece uma utopia, cada pessoa que perdeu um ser muito amado e se apoiou n’Aquele que não falha e nunca morre, pode comprová-lo por experiência própria. Ocorre um novo nascimento que os gera para uma maternidade e/ou paternidade que nunca teriam imaginado. Aquele que “faz novas todas as coisas” fez da perda um ganho e da morte um renascer. A ausência torna-se povoada de novos filhos espirituais e o vazio transforma-se em plenitude.
Mas o fogo da fé alimenta-se da madeira que cada um fornece. “No sofrimento, a primeira resposta de Deus não é um discurso ou uma teoria, mas sim o caminhar juntos, estar lado a lado. Jesus deixou-se tocar pela nossa dor, percorreu o mesmo caminho que nós e não nos deixa sozinhos, mas liberta-nos do fardo que nos oprime, carregando-o por nós e connosco” (Papa Francisco).
Não podemos sozinhos, precisamos de nos apoiar mutuamente e de voltar a alimentar a nossa esperança na esperança dos irmãos. Senhor, que as nossas comunidades acolham e sustentem os pais que perderam um filho, sendo anúncios vivos da tua vida ressuscitada, sempre nova e renovadora.
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