Os jornalistas António Marujo e Joaquim Franco consideram que um dos grandes desafios do jornalismo é seguir a lógica que o Papa Francisco defende para a comunicação: «romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo», sem, no entanto, «cair num otimismo ingénuo» que leve à desinformação.
Os jornalistas, autores do livro “Papa Francisco – A revolução imparável”, estiveram hoje, no Hotel do Parque, em Braga, como oradores convidados de uma conferência sobre “Fé, religião e jornalismo: um caminho comum?”, promovida pelo Gabinete de Comunicação da Arquidiocese de Braga, para assinalar o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se comemora a 28 de maio.
António Marujo defendeu que a Igreja está muito aquém do que pode fazer em termos de comunicação, tem de «passar do púlpito para o areópago», porque os passos que tem dado são de «exagerada prudência». Na opinião deste jornalista, a Igreja deve comunicar com «criatividade e exigência».
Na mesma linha, Joaquim Franco afirmou que as estruturas da Igreja «têm dificuldade em lidar com a pluralidade e a liberdade» e que é muito complexo a narrativa da Igreja entrar no panorama informativo se não houver uma adaptação do seu modelo de comunicação às novas realidades.
«Os púlpitos deslocaram-se para as grandes plataformas de comunicação», afirmou o jornalista da SIC, acrescentando que a Igreja tem de (re)pensar a sua estratégia de comunicação sob o risco de aumentar o fosso entre aquilo que é a exigência deste tempo e a capacidade de resposta da própria Igreja.
Para Joaquim Franco, é importante que a Igreja defina como se posicionar neste tempo comunicacional. «Como mera agência de comunicação ou como uma plataforma que, assumindo a sua responsabilidade e relevância social, quer estar no meio mediático com mesmas ferramentas e a mesma legitimidade que outras forças empresariais?», questionou o jornalista, lançando assim a reflexão e o debate sobre o assunto.