Big data de um cota lamechas
Internet? Não sei exatamente o que é… Liga, desliga; umas vezes fraca e instável, outras com sinal forte… Um pouco como nós: ora ligados à realidade, ora alheios a quem nos rodeia; uns dias esgotados, outros cheios de pica. Parece que é a alma da tecnologia, essa «criatura» que agora povoa a terra, a única «espécie» que promete sobreviver e subjugar a humanidade pelo conhecimento, pela inovação, adaptação e manipulação…
Recordo, quando miúdo, trocava cromos e jogava às caricas. Brincava horas seguidas na rua com a rapaziada. Não havia videogames nem jogos online. Éramos tão felizes! Os gritos da brincadeira e os risos ouviam-se no TikTok do bairro. Não tínhamos seguidores, mas amigos de verdade.
A televisão era o meu Youtube nas tardes de domingo. Família e vizinhos juntávamo-nos na mesma casa para ver o mesmo filme… Faltavam as pipocas… Mas tínhamos o bolinho da mãe à espera…
As notícias demoravam dias a chegar… Era uma alegria, quando vinha o carteiro! Não havia WhatsApp para comunicação imediata. O tempo tinha o seu tempo, era longo, brincava com a nossa ansiedade e impaciência…
Já as fotos… essas!!! – não dispenso os sorrisos que me provocam. Sempre que olho para elas, regresso ao passado… Havia sempre uma razão para guardar aquela memória… Precisávamos de tempo e paciência para, em feliz angústia, admirar o resultado… Guardávamos as memórias no Insta chamado álbum, que orgulhosamente mostrávamos à família e aos amigos que nos visitavam. Eram momentos de longa felicidade. Filtros? Ninguém tinha complexos da verdade do ser e das coisas.
Guardo os meus discos de vinil. Tenho uns 60… Lá em casa, a música era para todos e até os vizinhos conheciam a minha playlist. As cassetes não têm conta! Não consigo meter os fones nos ouvidos… Dá-me a sensação que a música se verte no meu corpo, e não na alma, e os sentimentos egoisticamente se agitam e depressa morrem dentro de mim…
Quando pedi namoro à tua mãe, agarrei-a pela mão e disse-lhe: «gosto de ti; namora comigo»… Não procurei o seu perfil no Insta ou no Face. Procurei-lhe os olhos… E ela corou. Parecia o tal smile sorridente com três corações, de olhos fechados e bochechas vermelhinhas que tens no telemóvel. A expressão da tua mãe foi fascinante! Impossível esquecer…
Vivíamos a 52 quilómetros de distância, conectados pelo desejo de cada reencontro. Falávamos pelo telefone fixo. Era caro! Não havia telemóvel nem videochamadas. Permaneciam demoradamente na minha mente as palavras que me dizia… Ainda hoje as escuto!…
Não sei o que é uma App. E essa coisa a que chamam AI? Se for para potenciar o ser humano de mais humanidade e proximidade e lhe permitir ser e viver com coração, ah, sim, abraço-a e levo-a comigo, para casa…
algoritmo
Em abril, a intenção de oração do Papa Francisco alerta-nos para o risco de a tecnologia substituir a interação face to face, que pode levar à diminuição da qualidade das relações humanas. O nosso querido Papa convida-nos a procurar o equilíbrio, usando a tecnologia para facilitar relações humanas autênticas e não para substituí-las por interações virtuais.
Rezemos, ao longo deste mês, para que o uso das novas tecnologias não substitua as relações humanas, respeite a dignidade das pessoas e ajude a enfrentar as crises do nosso tempo.
workplace
Descobre nesta onda de letras as atitudes que te podem ajudar a usar com equilíbrio as novas tecnologias
upgrade
A forma como usas a tecnologia ajuda-te a viver mais serenamente, pensar com calma e estreitar relações mais profundas, pacíficas e amigáveis com os outros. Nada pode substituir o contacto direto com aqueles que conheces. Dedicar tempo gratuito às relações é a melhor forma de desintoxicar as comunicações desumanizadas, o nosso planeta e o teu coração.
bug
É urgente fortalecer as relações humanas diretas, sem a mediação de ecrãs.
push
Que novos hábitos precisas de ganhar neste sentido? Como podes ajudara que se forme uma consciência crítica sobre a necessidade de evitar o isolamento? Quem está perto de ti todos os dias? Preocupas-te com as suas necessidades? Há alguém nas periferias do teu coração?
bluetooth
Pai de bondade,