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Gritos de esperança

A alma e o coração do mundo estão doentes. O mundo à nossa volta, ao longe e ao perto, anda mal, embriagado pelo ódio, a guerra, o crime, o roubo, a exploração, a injustiça. Parece haver um vendaval satânico que atinge tantos países, talvez o mundo inteiro, dentro e fora da Igreja. Mas ao mesmo tempo sentimos surgir, um pouco por todo o lado, sinais de esperança, gritos de esperança que expressam desejos de renovação, de paz, de amor, de justiça. Os jovens sonham com algo de novo e estão determinados a construi-lo. Não querem mais fome, mais desemprego, mais guerra, mais violência. Esses gritos de esperança vão gerar vida nova. Não a deseja o povo, com a sua saudação, quando afirma: “ano novo, vida nova”? É isso mesmo. No começo de cada ano renasce a esperança. E o Menino Deus, que acabou de nos nascer, é fonte dessa vida, dessa justiça, dessa paz, desse amor que todos desejamos.

Neste mundo hodierno, muitas vezes sem valores morais, onde tantos governos de tantos países se tornam criminosos, pelas leis que aprovam, pela violência que exercem, pelo ódio que semeiam, pelo pouco ou nenhum cuidado com os pobres, os que não têm emprego, os que não têm casa, pão, os que não têm meios de cuidar da saúde. Parecem inimigos furiosos do valor e da dignidade da vida humana, da paz, da harmonia, do bem-estar. Vivem luxuosamente, têm contas bancárias chorudas, ostentam riqueza e luxo, fazem negócios sujos, preparam o seu futuro com reformas altíssimas, mas desprezam os pobres, os que não têm meios de cuidar da saúde, da família, do futuro dos filhos. Há algo que parece um tsunami que vai desfazendo famílias, que não deixa cuidar dos doentes, que despreza os idosos e reformados, que não prepara o futuro das crianças, não ampara os jovens, não ajuda as famílias carenciadas.

Precisamos de ouvir os gemidos dos povos, os gritos de esperança, o desejo de uma vida digna. Se não há respostas adequadas e sérias, com eficácia na prática, se não há leis que fomentem o desenvolvimento e a ajuda aos mais pobres e desprotegidos, se não se cuida da formação nas escolas, se a vida não tem valor e é permitido matar, se se acredita que o mal já não é mal, que tudo se pode fazer, que não há lei moral que ajude a viver e a escolher o que é bom e digno, justo e humano, caminhamos para o abismo. Mas a maioria da população não quer o abismo, nem deseja caminhar para ele. Vive a esperança de algo novo, de condições dignas de vida e de trabalho, de cuidados de saúde, de educação segundo critérios éticos.

Os gritos de esperança dizem que não nos roubem a alegria de viver, não nos destruam um futuro que queremos mais feliz e mais alegre, não nos deixem sofrer e morrer sem cuidados de saúde, não nos tirem do coração e da inteligência o valor da vida e da dignidade humana, não gastem em armas o dinheiro que pode matar a fome de muitos, não roubem ao povo simples para que os ricos sejam mais ricos. Que os gritos de esperança sejam ouvidos pelos senhores do dinheiro e da política.

Não nos matem a esperança, pois queremos que o ano novo seja vida nova, renovada em todos os sentidos, sobretudo no respeito pela vida, no desejo de ter uma habitação digna, de ter um serviço de saúde esmerado para cuidar de todos. Vivamos a esperança. Lutemos por ela. Não a deixemos morrer.

Dário Pedroso, sj

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