O Papa Francisco e o rei Mohammed VI, de Marrocos, assinaram ontem, em Rabat, um apelo conjunto sobre o estatuto de Jerusalém, “cidade santa e lugar de encontro”. Os dois responsáveis defendem o respeito pela identidade “multirreligiosa” de Jerusalém, que o Governo de Israel reclama como capital, sublinhando a “unicidade e sacralidade” deste lugar e a sua “particular vocação” como cidade de paz para judeus, cristãos e muçulmanos.
“Consideramos importante preservar a Cidade Santa de Jerusalém/Al Qods Acharif como património comum da humanidade e, sobretudo, para os fiéis das três religiões monoteístas, como lugar de encontro” “e símbolo de “coexistência pacífica”, pode ler-se no texto, assinado no decorrer da viagem apostólica do Papa a Marrocos, este fim de semana, dias 30 e 31 de março.
O documento não tinha sido anunciado pelo Vaticano nem a assinatura do mesmo integrava o programa oficial do Papa. Francisco e Muhammed VI sublinham o “caráter específico e multirreligioso” de Jerusalém, desejando que “sejam garantidas, na cidade santa, a plena liberdade de acesso aos fiéis das três religiões monoteístas”, tendo em vista “um futuro de paz e de fraternidade sobre a terra”.
Em 2018, Francisco defendeu que “só um estatuto especial, também reconhecido internacionalmente, pode preservar a identidade de Jerusalém, a sua vocação única enquanto lugar de paz, que abra a um futuro de reconciliação e esperança para toda a região”.
No final de 2017, o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, reconheceu oficialmente Jerusalém como a capital de Israel, decisão seguida por outras nações.
O Papa dirigiu então um apelo para que todos saibam “respeitar o status quo da cidade, em conformidade com as respetivas Resoluções das Nações Unidas”. “Jerusalém é uma cidade única, sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos, que nela veneram os Lugares Santos das respetivas religiões, e tem uma vocação especial para a paz”, declarou.