No mundo à nossa volta encontramos muita gente que não pode gozar umas merecidas férias. Outros têm férias de luxo, gozando e gastando «fortunas». Quem dera a muitos ter pelo menos uma semana de repouso, de passeio, de descanso. Mas nem sempre é assim.
Os meses de verão são quase sempre entendidos como meses de «férias». Mas quantos, na verdade, as podem ter e gozar a sério, para descanso e repouso, para passeio e lazer, para recuperar energias, para estar mais com e em família, para se cultivar, para se poder distrair, para dar um passeio, para fazer turismo? Quantos, mesmo parando as atividades laborais, sobretudo os mais pobres e os socialmente menos protegidos, não podem sair de casa, viajar, ter dinheiro e condições para fazer umas verdadeiras férias? Quantos, pelo contrário, usam o tempo chamado de férias para trabalhar ainda mais, para juntar mais uns tostões que lhes fazem falta para pagar a casa, para comprar algo mais necessário, para abater a um empréstimo, etc.
As férias são um dever e um direito. Todos deviam ter condições para poder gozá-las a sério, todos deviam ter meios económicos, familiares e sociais para poder ter umas férias dignas, justas, reconfortantes. Não as tendo, não as gozando a sério, ficam prejudicados na saúde, na paz, no equilíbrio nervoso e psicológico, na vida de família, na capacidade de viver mais sossegados e mais alegres. Ficam menos cultos, menos descansados, com menos vida familiar, com menos capacidade de diálogo, de cultura, de enriquecimento pessoal, quer humano quer espiritual.
Mas ainda surge, mesmo nos que podem gozar umas boas e reconfortantes férias, um outro problema: são as férias sem Deus. Mesmo muitos que durante o resto do ano rezam, celebram os sacramentos, vivem a oração familiar, têm algumas preocupações espirituais, nas férias parecem colocar Deus de lado, entre parêntesis, metido na gaveta. Deixam-No em casa, na paróquia, na igreja ou na capela que habitualmente frequentam e não O levam consigo. Mas férias sem Deus não são verdadeiras férias, pois falta Aquele que é a Vida, a Alegria, o Repouso, a fonte da Paz e da Consolação. É um grande desafio… ter férias com Deus.
Férias para descansar. Férias para diálogo e encontro da família. Férias para admirar e contemplar a natureza. Férias para uma leitura formativa. Férias para visitar algum museu e contemplar algumas obras de arte. Férias para fazer um retiro espiritual. Férias para visitar a família que não se vê há muito. Férias para conhecer outras terras e belezas do país. Um bom programa de férias para sair delas descansado e começar um novo ano de trabalho com mais entusiasmo. E não esquecer alguma visita a um familiar doente ou idoso. As férias podem ser uma escola de caridade.
Dário Pedroso, sj