Hoje, terminada que está a quadra natalícia com a Festa do Baptismo do Senhor, e terminado que está também o ano 2018 onde não faltaram Mensagens de Ano Novo, sinto-me um pouco no papel de desmancha-prazeres, embora não passe dum desabafo. Por isso, esta nota não será nem sobre o ano que passou, nem sobre as ditas Mensagens de fim de ano, com o mesmo guião repetido anualmente, nem sequer sobre Os Reis Magos (Epifania) que na construção do relato de S. Mateus são os únicos que buscam verdadeiramente o Menino que estava para nascer e que, por isso mesmo, têm o privilégio de O encontrar, feito criança. E por isso mesmo, repito, são os únicos que regressaram por outro caminho e merecem Votos de Ano Novo. Tão pouco vou escrever sobre Aquele Deus Menino que marcaria a história da humanidade desde então, ou sobre aquelas crianças inocentes que ficaram pelo caminho do capricho do Poder (Matança dos Inocentes). Mas sim, sinto a necessidade de falar de outras crianças, porque de crianças, também elas inocentes, se trata. E estas não são construção do evangelista S. Mateus, mas realidade recente.
A notícia saiu uma semana ou duas antes do Natal. Diga-se, em abono da verdade, que não vi nem ouvi alarido por ai além, talvez porque os espíritos já andavam atarefados com Prendas e preparações de Árvores e Pais Natais. E saiu devido a uma suspeita/denúncia anónima sobre uma senhora que engravidava e re-engravidava constantemente sem que se visse o fruto do seu ventre. A investigação concluiu que a senhora engravidava de facto para ter filhos que vendia para o estrangeiro, o que fazia a bom preço. Hoje, o marketing onde tudo se vende está em alta, mas vender filhos, Santo Deus! Vendam corpos, vendam almas, vendam honras, vendam honestidade, vendam pornografia, vendam tudo o que quiserem, vendam até o amor, mas filhos, por amor de Deus, não!
Não sei o que levaria aquela senhora a transformar a sua maternidade em negócio puro e duro de vidas humanas, mas que é triste e chocante, é. E que diz bem da degradação a que podem chegar os sentimentos humanos mais profundos, também. E que esta degradação leva à desumanização, por mim não tenho dúvidas. E que estamos em caminho acelerado para a animalização irracional em que o que conta são os instintos hedonistas do prazer, do consumo e do dinheiro, também não tenho dúvidas. Como dúvidas não tenho sobre o desfecho trágico da sociedade e civilização ocidentais onde se teima querer construir a cidade dos homens sem o suporte dos valores humanos e cristãos. Embora em vão, diria eu com o salmista.
Entrego este desabafo ao Ano 2019 para os homens e mulheres de Boa Vontade.
Para que possa ser ANO NOVO com VIDA NOVA.
Só desejo que Deus nos abençoe e proteja ao longo dele.
São os Meus Votos.
O resto soa-me a Mentira.
A. da Costa Silva, sj