Na realidade atual, inundada de ideias (boas e más) é urgente e necessário que as pessoas façam um processo de discernimento, tendo um “olhar seletivo” sobre o mundo. A ideia foi defendida pelo sacerdote jesuíta Diego Fares, que esta semana esteve em Lisboa e Braga, para falar sobre o tema ‘O Papa Francisco e o discernimento’. As sessões, que congregaram centenas de pessoas e às quais quis dar o tom de conversa, foram promovidas pela Rede Mundial de Oração do Papa – Portugal, pelo Centro Académico de Braga e pela revista Mensageiro do Coração de Jesus.
Em sintonia com a intenção do Papa Francisco para este mês, centrada na importância da formação para o discernimento, espiritual, Diego Fares, grande conhecedor daquilo que move o Papa na linha do discernimento, explicou que “discernir é fazer-se responsável dos desejos em Deus e estar disposto a ser corrigido. O Espírito Santo trabalha com a nossa liberdade. Sem discernimento, não podemos caminhar”.
“No mundo de hoje, tão complexo, aquele que não discerne acaba por ficar doente, de ódio, maldade, indiscrição”, afirmou o sacerdote, que integra o colégio de escritores da revista italiana Civiltà Catttolica.
O nosso mundo necessita de reconhecer a urgência do discernimento. Temos “uma overdose de coisas más, mas também de ideias boas”. Por isso, “é necessário pedir ao Espírito Santo o discernimento”, que é “um olhar seletivo”.
“Olhar em modo de discernimento é o remédio perante a variedade de todas as propostas que nos invadem. Não é um olhar somente racional”. “Discernir é olhar com os olhos de Deus e a misericórdia do Senhor”. Caso contrário, “pode ser que o coração, em vez de se abrir, se endureça mais”, frisou o jesuíta argentino.
Apontando situações concretas, Diego Fares afirmou que “é urgente”, por exemplo, cada um discernir como deve rezar. “Rezar é como respirar. Cada um tem de encontrar o modo de o fazer”. Discernir é algo “muito prático” e que se “exercita”, é “animar-se a dizer ‘tenho de pensar'”.
No processo de discernimento, é essencial haver alguém que faça o acompanhamento daquele(a) que está a discernir, alguém com quem confrontar as decisões e que, segundo Diego Fares, não tem necessariamente de ser um sacerdote.