Vivemos a era do imediatismo, do direto, da comunicação em tempo real, da atualização ao minuto e até da antecipação. Esta velocidade da comunicação e informação é de uma grande exigência, sobretudo quando a aposta passa também pela qualidade, ética e rigor. Neste contexto, as empresas e instituições deparam-se com um enorme desafio: ou apanham a autoestrada da comunicação ou ficam offline. Entre elas a Igreja, de quem se espera que comunique bem.
Em Portugal, a discussão sobre a comunicação da Igreja arrasta-se há anos. Ninguém tem dúvidas de que a Igreja pode e deve comunicar melhor. Basta que haja vontade de ter uma Igreja a falar a uma só voz, de ter uma estrutura de comunicação organizada e profissional sobretudo na relação com os media. É fundamental que haja um gabinete, um rosto, um contato de referência sempre que a Igreja é chamada a pronunciar-se sobre assuntos estruturantes ou situações de crise. Porque é sobretudo de “crises” que os media fazem notícia. Mas as notícias pressupõem o princípio do contraditório. E a Igreja tem de se organizar nesse sentido, para que possa responder de forma profissional, organizada e no devido tempo.
O Vaticano acaba de dar o exemplo. O Papa, através de um Motu Proprio, instituiu recentemente a Secretaria para a Comunicação. Francisco entendeu que era necessário criar um organismo para «responder ao atual contexto comunicativo, caraterizado pela presença e pelo desenvolvimento dos media digitais, pelos fatores da convergência e da interatividade».
O Santo Padre concluiu que o novo contexto da comunicação exigia uma «reorganização» que assegure a «integração e gestão unitária» e uma «resposta de forma coerente às necessidades da missão evangelizadora da Igreja». Neste sentido, a Secretaria para a Comunicação passa a congregar e tutelar um conjunto de outras estruturas já existentes com responsabilidades na comunicação do Vaticano, concretamente o Conselho Pontifício das Comunicações Sociais; Sala de Imprensa da Santa Sé; Serviço de Internet do Vaticano; Rádio Vaticano; Centro Televisivo do Vaticano; LOsservatore Romano; Tipografia do Vaticano; Serviço Fotográfico; e Livraria Editora do Vaticano. Além disso, assume o site institucional da Santa Sé e a gestão da presença do Papa nas redes sociais. Internamente, a Secretaria para a Comunicação é composta por cinco direções: para os Assuntos Gerais; Editorial; Sala de Imprensa da Santa Sé; Tecnológica; e Teológico-Pastoral.
O exemplo está dado e vem “de cima”. Em Portugal, é chegada a hora de pôr em prática os planos, orientações e conceitos que vêem sendo debatidos. As dioceses, Conferência Episcopal, Secretariado das Comunicações Sociais têm muito a ganhar com a criação de uma estrutura que lhes assegure um modo coletivo, profissional e eficaz de comunicar e de se relacionar com os media. Fica o desafio!
Elisabete Carvalho