Falamos de Santa Teresinha do Menino Jesus. Dos muitos testemunhos dados pelas suas irmãs de comunidade, um dos mais fortes e talvez conhecidos é quando a jovem carmelita, já muito doente, caminhava com muita dificuldade do seu quarto em direção à capela. As irmãs, preocupadas, diziam que já não devia fazer este esforço tão doloroso. Mas Teresa respondeu: Faço este caminho por um missionário.
Estas palavras definem de modo extraordinário a síntese cristã entre a vida, a oração e a missão, num dinamismo de grande liberdade interior e entrega. Uma carmelita, de vida de clausura, não está isolada do mundo pelos muros do convento, mas faz de um gesto doloroso do seu dia uma fecunda oração pela missão da Igreja. Este gesto, oferecido com profundo amor, transformado pela oração é, em si mesmo, uma missão. Perguntemo-nos sobre os frutos deste gesto e desta oferta: a quem terá tocado? Que missionário sentiu, da parte de Deus, uma força particular num momento de necessidade? Só Deus saberá os frutos deste gesto de Santa Teresinha, mas, na comunhão da fé e da oração, sabemos que algo certamente aconteceu.
Não é por acaso que Santa Teresa de Lisieux é padroeira das missões e também padroeira da Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração).
Esta união entre os sentimentos do Coração de Cristo e as necessidades dos irmãos pede-nos uma atitude de entrega, uma disposição interior, um alargar de horizontes que nos faz perceber que cada pormenor da nossa vida é uma oração para o bem de alguém.
É isto que define a proposta da Rede Mundial de Oração do Papa. Nas intenções expressas pelo Santo Padre, são-nos indicados os desafios que, no mundo e na Igreja, precisam ser transformados pelo Evangelho. A alguns é pedido um compromisso concreto, mas para tantas outras pessoas, que estão longe, ou não têm possibilidade, é a oração de um gesto que colabora nesta missão, com Cristo, para transformar o mundo.
Nada está fora da oração, muito menos a missão de rezar com a vida por todos os nossos irmãos e irmãs, os rostos de Cristo que sofre.
António Valério, sj