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Caça aos cristãos e católicos que se deixam caçar

1. Abriu definitivamente a época da caça aos cristãos – em muitos casos, no sentido literal do termo. Iraque, Síria, Líbia, Egipto, Paquistão, Nigéria… pontos no mapa de um genocídio sem fim à vista. Há, porém, casos menos evidentes, sobretudo nos chamados países ocidentais: Estados Unidos, França, Inglaterra, Irlanda… até entre nós há gente sempre preocupada com alguma cruz mais visível num qualquer espaço público. E, ao que parece, aproveitando a tragédia com alguns peregrinos a caminho de Fátima, também têm uma solução: o Estado proíbe as peregrinações a pé. Consegue-se, assim, evitar que algum peregrino seja atropelado, ou fique com bolhas nos pés, e faz-se desaparecer o espectáculo desta gente “inculta” e “crédula” a percorrer as estradas do país.

2. Se não fosse malévola, a ideia seria risível. Sendo, porém, malévola, mais vale tomar estas as coisas a sério – algo que nós, católicos, estamos pouco habituados a fazer. Estes pequenos grupos de activistas da “tolerância” – aliás, donos da tolerância, que só o é quando concorda com eles – têm uma vantagem: são activistas, no sentido literal do termo. E, por isso, ganham quase sempre, aproveitando a inércia ou a indiferença dos outros. Só assim se compreende que num país como a Irlanda, no recente referendo sobre a legalização do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, os votos a favor tenham sido 62,07%. Agora, repare-se nos números: a Irlanda tem aproximadamente 4,5 milhões de habitantes; destes, 3 milhões e 800 mil são católicos; com direito a voto, são 3 milhões e 200 mil cidadãos; no referendo, 1.201.607 irlandeses votaram a favor, ou seja, 37,3% dos eleitores – uma minoria ganhou o referendo, simplesmente porque os católicos se dispensaram de votar ou votaram conscientemente numa proposta política que põe em causa todo o ensino da Igreja sobre o matrimónio. A isto chamo “católicos que se deixam caçar”.

3. “Tínhamos uma casa onde costumávamos brincar. Agora não temos nada. Mas, graças a Deus, Deus cuida de nós”. São palavras de Myriam, uma menina de 10 anos, natural de Quaraqoush, no norte do Iraque, agora num campo de refugiados, depois de ter escapado aos caçadores de cristãos do Estado Islâmico. Palavras simples, dizem tudo sobre uma fé que não se esconde. A mesma Myriam canta: “Que alegria, o dia em que acreditei em Cristo…”. Talvez um dia, nós, os católicos que nos deixamos caçar percebamos que a época da caça aos cristãos também nos diz respeito. E talvez, só talvez, alguns de nós sejamos ainda capazes de dizer, como Myriam: “Que alegria, o dia em que acreditei em Cristo…”.

 

Elias Couto 

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