Continuam as notícias acerca de fogos, catástrofes, terrorismo que mata, crimes, guerra, violências, fraudes, raptos, etc. etc. Enchem os jornais e os telejornais de desgraças que deprimem e angustiam o povo. Há tanta coisa boa no mundo, tanto dom e serviço, tanta maravilha de amor, beleza, atenção e dedicação aos outros, experiências espirituais e lúdicas fabulosas, dignas, sérias, alegres. Parece que não há interesse, atenção, gosto em dar a conhecer essas maravilhas.
Chega de andarmos deprimidos por tanta desgraça. Ajudem-nos a fazer renascer a esperança no futuro, o entusiasmo pela vida, o gosto de servir e amar. Basta de notícias só de misérias, de desgraças, de atentados à natureza e à vida humana. Precisamos todos que nos ajudem a viver a autoestima, a alegria, o entusiasmo para olhar o futuro com esperança.
É digno e justo louvar e agradecer o esforço dos muitos bombeiros, de outros agentes, de tantos voluntários generosos e sacrificados. Como é digno e justo rezar pelas vítimas, pelas famílias, pelos que ficaram sem nada. Acompanhar em oração as horas, os dias e noites de “inferno”.
É urgente condenar os atos de terrorismo e gritar que Deus, que Alá, não quer mortes de ódio, de vingança. É preciso condenar os processos de exploração humana e sexual de tantas mulheres e jovens e gritar que a vida é um dom precioso e digno, que tem de ser respeitado.
Como é de louvar o serviço dedicado de tantos militares da Guarda Nacional Republicana que, no Mediterrâneo, têm salvo centenas de refugiados. Como é encantador ver o serviço dedicado de tantos médicos sem fronteiras e de tantas centenas de voluntários que vão servir pobres e doentes em países onde há muita miséria, fome, doenças.
Tudo isto tem de ser feito e mostrado com moderação. Não deem cabo de nós e das crianças e adolescentes que veem televisão e choram quando veem casas a arder e pessoas a gritar de terror. Poupem-nos. Não precisamos de andar semanas a ver fogos, uns atrás dos outros, com ruína e todo o sofrimento que comportam.
Não só os cristãos, mas todas as pessoas de outras religiões e todos os que sentem “boa vontade”, temos de nos unir para ajudar a renascer a esperança. Olhar o futuro com otimismo, confiados no amor de Deus e na boa vontade dos homens. Fazer renascer a esperança, ser sentinelas da esperança que gritam aos corações que há muito bem à nossa volta, que há muita gente boa, que há muitas possibilidades de crescer na verdade e na justiça.
Precisamos de conhecer exemplos bons de dom e serviço, de construção de paz e concórdia, de sonhos que comandam a vida na direção certa, ou seja, no amor, no gosto de viver, no dom que faz os outros mais felizes. Não desistamos de viver a esperança como experiência interior que pacifica e alegra, que anima e conforta.
Nos meus quarenta e três anos de sacerdócio, tenho encontrado muita gente boa, dedicada, santa, capaz de se doar para fazer os outros mais felizes. Tenho encontrado muitos e muitos sacerdotes exemplares, castos e pobres, obedientes ao seu bispo e à Igreja, homens que não são funcionários do sagrado, mas que vivem uma dedicação a toda a prova, uma doação generosa ao seu povo, à Igreja, a Jesus Cristo.
Mas sempre que há um pequeno escândalo de algum que por fraqueza cometeu algo mau ou menos bom, temos longos discursos malévolos nos telejornais, repetidos vezes sem conta, como insinuações criminosas e difamatórias.
Olhemos o bem, o positivo, o muito que há de bom e de santo, de dedicação e de serviço generoso. Sejamos homens e mulheres de esperança, vivamos a alegria que nos vem da entrega e da doação generosa.
Texto: Dário Pedroso, sj
Fotografia: CAFOD Photo Library