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A companhia de um animal quando se é idoso

Há dias, fui visitar o meu avô a casa dos meus tios. Desde a morte da minha avó que zelamos, em família, pelo bem-estar dele, garantindo que não lhe falta nada. Tentamos, em especial, que ele tenha sempre um de nós ao seu lado para conversar e para o ajudar no que for preciso. Reparei, nessa tarde, na alegria que sentiu em ter ao seu colo um pequeno cão – o Pluto – que foi recentemente adotado pelos meus tios. “Sempre tivemos cães”, dizia enquanto afagava o dorso do animal. O seu rosto iluminava-se com as memórias.

O Pluto gosta das pessoas mais do que da comida que se lhe dá. Transborda de afeição sem avaliar primeiro o nosso estado de humor e não guarda nenhum ressentimento. É indomavelmente frenético e feliz, dia sim, dia sim. Se Deus ensinou um animal sem alma e sem capacidades morais ou espirituais, como o Pluto, a viver desta forma, não deveríamos sentir remorsos em tê-lo presente na nossa vida, mesmo que a idade pese!

Um estudo realizado nos anos 80 nos Estados Unidos da América analisou quais as vantagens dos idosos terem animais de estimação. Os resultados dessa investigação foram os seguintes:

– 95% dos idosos inquiridos passava algum tempo do dia a falar com os seus animais;

– 82% disse que ter um animal de estimação fê-lo sentir-se melhor quando estava triste;

– 57% confidenciou os seus medos e as suas preocupações aos seus animais.

Os animais de companhia puxam os idosos para fora da sua zona de conforto, proporcionam atividade física moderada através de caminhadas e dos cuidados diários, além de que constituem uma forma de o idoso se conectar com o mundo e de se sentir necessário. Ter um animal de estimação ajuda o idoso a se concentrar em algo para além dos seus problemas físicos e das preocupações negativas sobre o seu envelhecimento.

Cães, gatos ou pássaros mais velhos são mais aconselhados para os idosos, porque são mais calmos, tranquilos e requerem, à partida, menos manutenção. Antes de adotar um animal, é recomendado consultar um veterinário para averiguar o seu estado de saúde. Um animal doente pode ser um encargo financeiro incomportável para um idoso e pode transmitir doenças.

Pessoas com dificuldade em andar, como o meu avô, podem optar por ter um animal que viva numa gaiola ou escolher um gato, dado que estes animais não necessitam de serem levados à rua. A mobilidade reduzida não se conjuga com animais muito ativos que podem ser a causa de quedas e de fraturas. Por isso, ter alguém que ajude no cuidado com o animal de estimação pode prevenir lesões graves. Esta pessoa pode, também, ser chamada a cuidar do animal caso o seu dono adoeça ou não possa mais tê-lo a seu cargo. Todavia, perder um animal de estimação de uma hora para a outra pode levar a pessoa idosa a perder mais rapidamente algumas capacidades físicas e mentais, pelo que se recomendam visitas regulares com o animal.

Se é idoso e está a pensar em adotar um animal, coloque primeiro as seguintes questões:

– Tem uma rotina bem definida e não gosta de mudanças repentinas?

– Já alguma vez teve um animal de estimação?

– Tem alguma limitação motora ou incapacidade?

– Que animal escolheria e com que temperamento?

– Qual seria a idade ideal do animal?

– Seria melhor ter um ou mais animais?

– Conseguiria suportar as despesas inerentes?

– Tem algum plano alternativo para o animal caso não possa cuidar dele?

Para além da família e dos velhos amigos, um animal de companhia pode ser o melhor remédio e o melhor amigo de um idoso. Porque cuidar dos nossos idosos significa também oferecer-lhes todas as oportunidades para cuidar dos outros, incluindo de outros seres vivos!

 

Betânia Ribeiro

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