Um jovem universitário ucraniano escreveu uma carta ao Papa Francisco a propósito dos mil dias de guerra no seu país, que se assinalam esta quarta-feira, 20 de novembro. O texto foi lido hoje na íntegra pelo Santo Padre, no final da Audiência Geral:
«Padre, quando quarta-feira recordar o meu país e tiver oportunidade de falar ao mundo inteiro no milésimo dia desta terrível guerra, peço que não fale só do nosso sofrimento, mas seja também testemunha da nossa fé. Mesmo se imperfeita, o seu valor não diminui, tinge com pinceladas dolorosas o quadro de Cristo ressuscitado.
Nestes dias, houve demasiados mortos na minha vida. Viver numa cidade onde um míssil mata e fere dezenas de civis e ser testemunha de tantas lágrimas, é difícil. Queria fugir, queria voltar a ser uma criança abraçada pela mãe, queria honestamente estar em silêncio e amor, mas agradeço a Deus, porque, através desta dor, aprendo a amar mais. A dor não é só um caminho até à raiva e o desespero, se for fundada sobre a fé, é um bom mestre de amor.
Padre, se a dor fere, significa que ama. Então, quando falar da nossa dor, quando recordar os mil dias de sofrimento, recorde também os mil dias de amor, porque só o amor, a fé e a esperança dão um verdadeiro significado às feridas».
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